Biotecnologia de trazer por casa
Primeiro, junta-se um monte de sementes, neste caso de feijão trepador rajado.
Em seguida, escolhe-se aquelas que julgamos poder produzir uma boa descendência. Aqui, os critérios utilizados são o tamanho, o peso e a formosura geral do feijão. Enquanto escolhemos, podemos ir lendo as notícias.
Os outros são rejeitados e eventualmente comidos alarvemente. Reparem no reduzido tamanho e fealdade de alguns exemplares do grupo da direita.
É este procedimento à posteriori, estimados leitores, que os ortodoxos dos transgénicos, querem fazer crer que é em tudo semelhante à criação de variedades em laboratório. Eu, se tiver sorte, por este meio que mais não é que darwinismo acelerado, daqui a 20 ou 30 anos terei uma variedade nova o “trepador rajado do Sargaçal”, adaptado às condições de cultura da minha região e com flatulentos genes exclusivamente de feijão. E está correcto.
Uma resposta para“Biotecnologia de trazer por casa”
Está bem, está muito bem, e graças a Deus voltou aos legumes.
Mas quero salientar algumas coisas, as quais se seguem.
Estive a ler os seus posts anteriores, sobre as quimeras transgénicas, e sinto praticamente a mesma coisa. E, como fico enervado, corro o risco de começar a dizer disparates.
Portanto, mais me vale falar com os meus legumes.Ao menos esses sabem discutir.
Desculpe agora ir tomar-lhe tempo. Mas queria dizer-lhe uma coisa: comecei a minha horta por acaso. Nem por sombras era ecologista ou partidário da agricultura biológica (não sou ainda, se por agricultura biológica se
entender apenas comida sem pesticidas, só com produtos naturais: os problemas que se põem são mais profundos).
Bem adiante.
Acontece que comprei uma casa na aldeia e tinha um terreno. Comecei a cavar feito palerma e só depois me pus a estudar estes problemas.
Ao fim de alguns anos, verifiquei o seguinte: numa parte do terreno obtenho belas plantas, tomates enormes, boas courgettes, pepinos, sem adubos, nem estrume. Noutra parte nada. O que se passa?
Passa-se que, como sou um bocado desorganizado e distraído, e ainda por cima não estou aqui metade do ano (passo o inverno na Bélgica) não faço mulching uniformemente, nem tenho palha para todo o terreno. Ali onde tenho posto palha e ervas em quantidades razoáveis, a bicharada lá reconstituiu o solo: a terra cheira bem e é “untuosa”. No resto do terreno, estou a empobrecer a terra.
Agora, depois de colher o feijão, as cebolas e as ervilhas, tenho uma parte do terreno nua. Não vai ser bom. Costuma cultivar alguma coisa nesta época?
Eu, nos dois últimos Invernos, semeei centeio, o que teve dois efeitos: produziu palha para o ano seguinte e impediu o crescimento desmesurado de ervas espontâneas. Estou a pensar em semear agora talvez ervilhaca e aveia de Inverno apenas como adubo verde e culturas de cobertura. Mas ainda é cedo, não?
Ah, comprei um triturador (é a única máquina que tenho, o resto faço tudo com ferramentas manuais) para esmagar raminhos e folhas de árvore, que espalho depois no chão.
E, bem, esqueci-me de uma coisa de grande importância: no Outono/Inverno semeio sempre favas, com que regalo a família e os amigos. As favas são um descanso.
Pronto, para já é tudo. Saudações sindicalistas, manel.
Tem de ser.
É isso. No entanto existe uma lista de produtos válidos e certificados para uso na agricultura biológica (eu não a tenho ainda) — por exemplo, a famosa calda bordalesa.
Eu basicamente também, mas rapidamente comprei um livro que não me canso de recomendar (HDRA Encyclopedia of Organic Gardening) e depois outro, de John Seymour (The New Complete Book of Self-Sufficiency). Como comecei do zero, foi fácil aprender bastante.
Este ano foi bom (está a ser), o melhor até agora, espero que seja também porque sei mais que antes.
Sobre a cobertura do solo, publiquei uma pequena nota de 1905. A agricultura biológica, ao contrário do que muita gente pensa não é o regresso ao século XIX. Hoje em dia, muitos conhecimentos tradicionais estão secundados por sólida ciência; é das áreas agrícolas onde a investigação está mais activa; também há a mecanização e equipamentos modernos; no entanto, a pesquisa de métodos e técnicas antigas tem-se mostrado muito valiosa — ler o antigo para aprender algo de novo, como dizem os chineses.
Não há nada pior que um solo nú — mais um argumento contra o Roundup Ready® e o uso copioso de herbicidas de largo espectro. Está sujeito a todo o tipo de erosão e os nutientes facilmente são levados pelo vento e pela chuva.
As favas também funcionam como excelente adubo verde. Não sei se é cedo para as variedades de cobertura que refere — não tenho experiência.
Agora também se vão plantar pencas ou tronchudas, mais nabiças, semeei salsa e há alface para todo o ano… Eu estou a preparar um calendário completo de sementeiras, mas têm de me dar tempo até o poder disponibilizar.
A selecção indicada usa características já pré-existentes no pool genético da “espécie” para seleccionar alguns conjuntos mais interessantes de um dado ponto de vista e obter uma dada “variedade”.
A tecnologia OGM é mais complexa… são introduzidos genes não existentes no pool “normal” com um objectivo bem defenido: ou ser insecticida ou resistente ao frio, etc.
Normalmente usam-se pedaços de ADN de outras espécies, que expressam uma dada proteína que terá uma dada função que se pretende.
Como, em princípio, nenhum leitor está contra a teoria da evolução deDarwin (e acrescentos diversos de Dawkins e outros) é natural que hajam mutações aleatórias nos feijões que poderão, se vantajosas em termos reprodutivos, criar uma nova espécie/variedade. Creio até, li algures, que em meados dos ´sec. passado se bombardeavam “semenentes” com radiação para produzir mutações acelaradas (em alternativa aos raios cósmicos/ ambiente químico) e depois usava-se a técnica do post inicial.
Agora a “arma” utilizada é muito mais específica.
Boa noite. Faz meses que estou procurando sementes deste feijão, como você conseguiu? Se possível em envia um contato, estou querendo ver se arrumo pelo menos umas 20 sementes.