A árvore grossa

A árvore grossa
Toda a gente que vive na Senhora da Hora há bastante tempo, conhece este Plátano como “a árvore grossa”. Não a vejo como um sinal de esperança de nada, aliás basta olhar um pouco em volta. Mas não tenho a menor dúvida que é uma sobrevivente deste país, reparem na quantidade de “urbanidade” que a circunda.

A árvore grossa
Nesta fotografia pode-se ver melhor, não sei se chega a ser colossal, mas conheço poucos plátanos deste tamanho e principalmente com uma copa como esta. Dir-se-ia que cresceu noutro país, noutro tempo, noutro local. Um belo dia os extraterrestes plantaram-na aqui.
Porque de outra forma seria impossível… Sobreviveu à passagem de uns camiões gigantes com umas peculiares peças de betão (que eu adorava ver quando era pequeno); sobreviveu também à construção do viaduto (para a direita) e asfaltagem da estrada; vários acidentes de viação (a estrada não era assim), incluindo pelo menos um com vítimas mortais, como é sobejamente conhecido, a culpa é sempre da árvore; sobreviveu à construção desenfreada a toda a volta; também à construção da rotunda que inclui a linha de metro. Como vêem, impossível.

Uma resposta para“A árvore grossa”

  1. Paulo J. Mendes

    Curiosamente, há quem lhe chame “sobreiro grosso”… É possível que o façam por associação com a rua do Sobreiro, que não fica longe.

  2. Luciano

    Também não. Sempre a conheci como árvore grossa.
    E pensar que tudo aquilo à volta, eram quintas, terrenos agrícolas e bouças.
    Passo por ela muitas vezes, de carro, e, talvez por isso mesmo, não tinha ainda reparado na dimensão do cerco. Impressionante!

  3. Pedro

    É um facto curioso: a generalidade das pessoas afeiçoam-se a estes poucos “gigantes” que subsistem nas urbes portuguesas, como se fossem um “milagre da criação”, não compreendendo (ou não querendo compreender) que se não existem mais árvores monumentais nas cidades é devido ao tratamento estilo “poda camarária”.
    Por isso, casos como este são excepções e não a norma (ainda que a generalidade das acanhadas ruas das cidades portuguesas não possuam o espaço necessário a uma árvore de grande porte, como um plátano).

    Por outro lado, essas mesmas pessoas parecem considerar normal a existência de um plátano como este e de um “cepo de plátano” na rua ao lado. Por exemplo, no centro de Portalegre existe um plátano monumental (um dos maiores e mais conhecidos do país), lado a lado com várias “caricaturas” de plátano; e é suposto isto ser “normal” e talvez seja, pois é a isto a que estamos habituados desde pequenos.
    As pessos já não reparam nas podas, acham-nas “normais” e até necessárias e imprescindíveis às árvores; daí os serviços camarários contarem com a “benevolência” da maioria dos cidadãos. Os mesmos que aceitarão se “amanhã” a Câmara de Matosinhos (?) decidir podar ou cortar esta árvore com o habitual discurso de que é para a “nossa segurança”. É tão banal, que nem o questionamos.

    E é isto o que para mim é mais dramático. Eu já não consigo “usufruir” do prazer de olhar para estas árvores pois sei que apenas existem “a prazo”. Nunca chegas a afeiçoar-te a uma árvore porque sabes que alguém a irá decepar mais cedo ou mais tarde. E não devia ser assim, pois não?

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