Manobra nuclear
Vítor Constâncio, o governador do Banco de Portugal, poucos dias depois do “estado da nação” no parlamento, anunciou nas calmas que afinal a economia este ano não cresce 2%, mas sim 1,2% (a ver vamos). Em 2009, em vez dos badalados 2,3%, passamos para 1,3% (a ver vamos). Estes números não fazem parte do “estado da nação”, para não incomodar os digníssimos parlamentares.
Astutamente e numa manobra que está nos manuais, falou também na “opção nuclear”. É o suficiente para desvalorizar em termos mediáticos as más notícias económicas. É esta a minha opinião sobre a credibilidade do “nuclear” em Portugal. E sobre a credibilidade do resto, também.
Actualização: O FMI cortou a previsão para um crescimento de 1,25% este ano e 1% em 2009. A ver vamos, mas entretanto, discuta-se o “nuclear”.
Uma resposta para“Manobra nuclear”
E ao coro juntou-se logo o bastonário da ordem dos Engenheiros…
Uma central nuclear custa cerca de 4 mil milhões a construir, dura cerca de 60 anos e custa outro tanto (ou mais) a desmantelar. Os resíduos ainda não têm tratamento adequado e são caros de tratar (enterrar). Será que temos assim tanto dinheiro para fazer a festa ou vamos pedir mais um leasing para a construir? E como é que vamos pagar a renda do financiamento? A 50 ou 100 anos, só se for assim porque os submarinos já foram comprados em leasing a 25 anos, portanto para esta verba só daqui a 50 anos é que temos massa para pagar a renda, ou seja quando a pagarmos precisamos de outro financiamento para a desmantelar. Haja juízo.
O barulho nunca é demais. Tudo é válido para desviar a atenção dos verdadeiros problemas.
MVN, como disse, um senhor responsável do Banco de Portugal em dia de más notícias vir com uma historieta de energia nuclear, tem apenas um objectivo.