Plantação de árvores em 1871 e 1872

À consideração dos “caçadores” de árvores monumentais ou notáveis, deixo aqui uma listagem de plantações efectuadas em diversas matas na região do Mondego e Figueira, da responsabilidade de Adolpho Ferreira de Loureiro e Adolpho Frederico Moller. Se alguma sobreviveu é necessariamente uma árvore notável digna de ser registada e seria uma justa homenagem a estes homens, designadamente a Moller, um dos mais notáveis silvicultores que passaram por este país. Agradeço informações complementares. Grafia da época.

Na Mata do Choupal
1 Araucaria excelsa (Araucaria heterophylla)
88 Casuarinas
18 Cryptomerias
36 Pinus
139 Acacias
21 Eucalyptus
63 Grevilleas
290 Citrus
80 Acer
5 Aesculus
143 Ailantus
3 Broussonethia
519 Celtis
6 Cercis
2 Fraxinus
47 Gleditschias
275 Juglans
10 Melias
194 Morus
8.425 Populus
91 Robinias
30.806 Salix
9 Tilias
45 Platanus
2.168 Sambucus
Total: 42.743

Na Mata de Valle de Cannas (Google Maps. Há uma panorâmica da região onde só vislumbro eucaliptos e árvores queimadas)
120 Abies
8 Araucarias
502 Cupressus
10 Cryptomerias
3 Cedrus
1 Larix
13 Taxodiums
2 Wellingtonias
152 Eucalyptus
147 Grevilleas
63 Betulas
286 Fagus
155 Quercus
Total: 1.462

Matas do Rio Mondego
39.175 Salix
1.000 Arundo
59 Populus
92 Platanus
112 Juglans
Total: 40.438

Matas da Valla do Norte
120 Juglans
10 Platanus
10 Brossonetia
6 Bignonia
12 Populus
97.692 Salix
Total: 97.850

Uma resposta para“Plantação de árvores em 1871 e 1872”

  1. Pedro

    A cidade de Coimbra tem um património arbóreo muito importante. A começar pelo Botânico, passando pelo Choupal ou por Vale de Canas, entre outros.

    Estes sítios têm valor pelo seu conjunto, embora haja exemplares que mereciam um estatuto particular de protecção, como é o caso do fabuloso plátano da Quinta das Lágrimas.

    Em relação a Vale de Canas, dói-me pensar nos efeitos do incêndio de 2005, embora aquilo fosse um “barril de pólvora” à espera de alguém que lhe chegasse o fósforo. E isto que o incêndio, tanto quanto julgo saber, começou longe, lá para os lados de Poiares ou Penacova…

    Grande parte de Vale de Canas era um magnífico arboreto de eucaliptos. Um antigo director do Botânico de Coimbra trocava correspondência (e sementes) com o seu congénere de Melbourne (salvo erro). Perante a falta de espaço no Botânico, alguns destes eucaliptos terão sido começados a plantar em Vale de Canas.

    Isto deu origem a uma colecção fabulosa, de dezenas e dezenas de árvores com 30/40 metros que desciam até uma zona mais plana; aí podíamos encontrar o famoso E. diversicolor, o eucalipto mais alto da Europa (e quem diga “a mais alta árvore da Europa”). E, mesmo ao seu lado, uma Araucaria bidwillii fabulosa.
    Estas duas árvores terão sobrevivido ao incêndio, estando ainda dadas como “classificadas” na lista da DGRF.

    O conjunto daqueles eucaliptos monumentais transportava-nos para o interior de uma catedral; naquele “sillêncio”, senti-me verdadeiramente mortal, finito…Ou, simplesmente, humano!

    Para mim, foi o mais perto que estive até hoje do que poderei sentir sob uma floresta tropical ou sob as sequóias da Califórnia. Era esmagador…

    Foi isso o que mais me impressionou quando visitei Vale de Canas em 2001. E “isso” suponho que se tenha perdido para sempre em 2005…

  2. Pedro

    P.S. – Em relação a Vale de Canas, parte do que conto foi de uma visita que aí fiz em 2001* e outra resultante da memória que tenho da leitura de um livro que conta a origem desta mata**.

    * A visita de 2001 foi antes do advento das máquinas digitais; numa altura em que se pensava duas vezes antes de pegar na máquina e gastar um rolo (também não estava preparado para a grandiosidade do que ía ver, se soubesse…). Mas suponho que este seja o melhor das digitais, vão connosco para toda a parte, nunca se sabe se darão jeito…

    ** Esse livro penso que seja um da autoria do Jorge Paiva (uma pessoa lê tanta coisa que, às tantas, já confunde os livros). Foi um dos que deixei no Algarve, não consigo andas com os meus “20 kg” de livros de árvores, para cima e para baixo, entre o Algarve e a Covilhã.
    Depois confirmo qual o livro que fala de Vale de Canas. Posso-te emprestar depois caso estejas interessado.

  3. José Rui Fernandes

    Obrigado pelo comentário.

    O conjunto daqueles eucaliptos monumentais transportava-nos para o interior de uma catedral; naquele “sillêncio”, senti-me verdadeiramente mortal, finito…Ou, simplesmente, humano!

    Ah, cá está algo que eu apelidei de “amplificador de pensamentos“, à falta de melhor descrição. No livro “Ecologia Profunda” de Bill Deval e George Sessions, tem uma descrição bem melhor dessa ligação com a natureza e sensação de fazer parte de algo maior que nós.

    Diz-me qual o livro — habitualmente compro os livros, raramente leio um livro emprestado. Quando me interessa para ler é porque me interessa para comprar. Obrigado de qualquer forma.

    E as outras matas, sabes onde são?

  4. Pedro

    Conheço o Choupal, não sei onde possa ser a Valla do Norte ou o que eles entendem especificamente por “matas do Mondego”. Mas em Coimbra, apesar de também não escapar ilesa à “podite nacional” e isto apesar das pressões do Botânico, existem muitos motivos de interesse em termos de árvores monumentais.

    O livro do Jorge Paiva a que me refiro penso que seja o seguinte: “A Crise Ambiental, Apocalipse ou Advento de uma Nova Idade II”. Edição da Liga dos Amigos de Conímbriga. Como te disse, não tenho o livro presentemente comigo, para te poder dar outros dados como o ISNB.
    No entanto, não deverá ser um livro nada fácil de arranjar, provavelmente só contactando directamente a referida Liga. O meu exemplar foi-me oferecido pelo próprio Jorge Paiva, de quem tive a sorte de ser aluno.

    Apesar do título, o livro fala sobretudo dos espaços verdes da cidade e da região de Coimbra. No entanto, melhor mesmo, é falar directamente com o professor Paiva que sabe de cor “toneladas” de infromação sobre estes assuntos.

    Depois falamos melhor…

  5. Manuel Ribeiro

    Se quer conhecer uma arvore monumental, aconcelho-o a visitar paredes de coura e conhecer o “carvalho grande”, que segundo livros tem cerca de 500 anos e está deixado ao abandono, já conseguiu engulir um penedo de 4 mt de diametro e está em pé, mas infelizmente não lhe é dado o devido valor, assim como um exemplar de uma arvore prene centenária que floresce em pleno inverno e que se desconhece a sua proveniência, que nas ultimas obras que se fizeram nesta vila foi completamente ignorada, pois as pessoas não tem noção do que é preservar!!!

Deixe um comentário

Mantenha-se no tópico, seja simpático e escreva em português correcto. É permitido algum HTML básico. O seu e-mail não será publicado.

Subscreva este feed de comentários via RSS

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.