Compostagem: Mais umas notas

Este Domingo além de arranjar o canteiro que o cão arruína, estive a esvaziar completamente um dos compostores (temos dois). Para mim, aquelas portinholas que tem nos lados, não resultam para este efeito. Resolvi remover o compostor do local.
Estendi um velho oleado, onde pousei o compostor e tratei então de retirar todo o composto já pronto. Dessa actividade surgiram algumas notas:
Apesar do resultado ser bom, o processo aqui revelou-se totalmente mais lento do que anunciado. Este composto tem cerca de dois anos (retirei muito pouco neste tempo).
Não deixa de ser incrível o resultado de dois anos de restos da cozinha e do jardim. Em termos de quantidade diminuta.
Mesmo passado este tempo todo, algumas coisas revelaram-se duras de compostar: Folhas de mahonia, caroços de pêssego, castanhas, cascas de ovo, sementes de abóbora e afins. Os já mencionados pacotes de chá, embora vários apresentem decomposição.
Nunca remexi a pilha, o que deve ter contribuido muito para a lentidão.
Também deve ter ficado demasiado compacta a certa altura, pois apareceram umas camadas de texturas desiguais e bastante mais grossas.
Também por esse motivo, para utilizar em vasos acho que vou peneirar o composto. Para a terra vai como está.
Ainda pensei em utilizar este teste de maturidade do composto. Mas como agora não tenho a horta, vai ficar para outra vez.

Uma resposta para“Compostagem: Mais umas notas”

  1. Lowlander

    Precisa de colocar mais fibra volumosa para aumentar a oxigenacao e tem ter em conta os teores de carbono no que la mete para atingir temperaturas adequadas e tem de ter cuidado com a volumetria das particulas que poe la dentro, a fermentacao aerobia e tanto mais eficiente quanto maior a area de superficie de substracto disponivel. O standard e particulas inferiores a 12mm.
    Por outro lado deixar isso a compostar 2 anos destroi toda a qualidade nutritiva do produto final porque perde todo o azoto inicialmente presente sob a forma de amonia.
    Ultimamente tenho andado de roda da licenciacao de unidades de compostagem industrial.

  2. VASCO SILVA

    Também cometi alguns “erros” de igual modo.Tal e qual e sem copiar procedimentos.É a tendência para a asneira.
    Utilizei o composto, recentemente de cobertura, na horta.O resultado parcial é bom.

    Obrigado pelas dicas.

  3. José Rui Fernandes

    Por outro lado deixar isso a compostar 2 anos destroi toda a qualidade nutritiva do produto final porque perde todo o azoto inicialmente presente sob a forma de amonia.

    Isso é um facto? Qual é o tempo de compostagem ideal?
    Depois de compostado, o produto não deve ser deixado uns tempos (4-8 semanas) a maturar?

    Ultimamente tenho andado de roda da licenciacao de unidades de compostagem industrial.

    Vai licenciar um compostor industrial para colocar em casa? Eu sabia que com tempo ia fazer de si um power-ecologista! :)

  4. Lowlander

    “Isso é um facto? Qual é o tempo de compostagem ideal?”

    O mais rapido que consiga para degradar o carbono complexo disponivel em CO2 sem degradar mais nada. Nos sitios que estou a ver fazem isso em 14 dias. Mas provavelmente estou a ser injusto ja que numa pilha domestica voce tera dificuldades em atingir temperaturas adequadas para as bacterias termofilicas (as mais rapidas) actuarem no minimo dos minimos por falta de substracto.
    No entanto fundamental e: voce quer as bacterias a oxidarem compostos ricos em carbono para gerar energia e a absorverem o azoto para o incorporarem nas suas estruturas celulares fixando-o. Na presenca de oxigenio, temperatura e humidade elas oxidam o que estiver disponivel, o carbono e o mais facil, o azoto vem num segundo lugar proximo. Dai que

    “Depois de compostado, o produto não deve ser deixado uns tempos (4-8 semanas) a maturar?”

    A maturacao tem como objectivo baixar a temperatura retardando o processo e dessecacao do composto para abortar a digestao, idealmente as unidades industriais fazem isto o mais rapido possivel para assegurar turnover do espaco mas podem regular a velocidade da maturacao conforme a procura. O problema e quanto maior a maturacao maior o periodo de tempo com conjugacoes de temperatura e humidade sub-optimas que causam a producao de amonia por degradacao do azoto.

    A compostagem no fundo, no fundo, pelo que tenho apreendido nestas curtas semanas de estudo nao passa de uma queima controlada de residuos de perigo biologico medio que nao se deixa prosseguir ate ao fim (como no caso de uma incineracao) porque os produtos intermedios da oxidacao tem utilidade economica.
    O cinico em mim observa fascinado uma magnifica campanha de marketing para algo que pouco mais e do que queimada um pouco mais sofisticada que aquelas boas que fazem na Amazonia para obter pastagens extremamente ferteis no ano ou 2 seguintes…
    Mas estou a exagerar, nao sou um cinico completo, reconheco o valor nao negligenciavel da compostagem na reducao das emissoes de gases de efeito estufa: reduz (nao elimina) a producao de metano, ou a sintese de raiz de mais fertilizante azotado, blah blah blah… mas enfim… sejamos francos, a formula que descreve a reaccao quimica no fundo e substracto (lixo, rico em combustivel) + oxigenio = CO2 + H20 + oxidos.

    “Vai licenciar um compostor industrial para colocar em casa?”

    Bolas! Jamais! Muito ma vizinhanca especialmente com ventos de feicao…

  5. José Rui Fernandes

    Ok.
    Em casa consegue-se esses tempos, ou pouco mais com os compostores mais hi-tec. Que mantêm a temperatura e até se podem ter na cozinha debaixo da banca.
    Nestes meus, tenho que evitar a compactação. Principalmente isso.

    A última parte é que como sempre depois de dar uma no cravo tem logo de dar uma na ferradura. O composto é muito bom produto para o jardim e quintal, disso não há dúvida. O industrial dos resíduos domésticos é complicado de ser comercial. O da Lipor, dizem que além de composto o saco trazia tudo (vidros, plástico e lixómetro diverso) porque as pessoas não separam correctamente o lixo — mas era dado.

    E teoricamente é carbono neutro. Liberta o que absorveu, correcto? Como as árvores quando se queimam na lareira.
    Os compostores caseiros cheiram a nada. Zero. Sabe isso ou não? Os industriais, com o lixo a chegar à tonelada já meio decomposto é outra conversa.

    Tudo somado, esto muito satisfeito com a compostagem.

  6. Lowlander

    “E teoricamente é carbono neutro. Liberta o que absorveu, correcto?”

    Nao, nao e. Senao incinerava-se o lixo todo a altas temperaturas sem problemas de maior. O carbono que se liberta e o que esta contido no lixo. Uma vez que o lixo foi todo ele um dia um produto e a grande maioria foi produzida com emissao liquida de CO2 nao e neutro.
    E um metodo com menos “carbon intensive” (como eles gostam de dizer) de tratamento de lixos mas nao e neutro.

    “Os compostores caseiros cheiram a nada. Zero. Sabe isso ou não?”

    Sei. So que eu nao estava a falar disso pois nao?

    “Tudo somado, esto muito satisfeito com a compostagem.”

    Tambem eu. A localizacao remota de algumas destas unidades industriais por estes lados e uma excelente desculpa para num futuro proximo talvez fazer umas viajens a costa Oeste e comer umas mariscadas. Pena e que nao estejam nas ilhas tambem, senao era marisco regado com whiskie!

  7. José Rui Fernandes

    Nao, nao e. Senao incinerava-se o lixo todo a altas temperaturas sem problemas de maior. O carbono que se liberta e o que esta contido no lixo. Uma vez que o lixo foi todo ele um dia um produto e a grande maioria foi produzida com emissao liquida de CO2 nao e neutro.

    Estou a falar de lixo doméstico orgânico — vegetais, frutos, etc. Refere-se a coisas elaboradas tipo papel, pacotes de chá, café… e assim?
    Bem, mas pelo menos o composto pronto vai ajudar as futuras plantas a absorverem CO2.

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