Está tudo bem
A resposta, por assim dizer, ao meu último parágrafo quase optimista do texto anterior, chegou de onde não esperava… Fernando Pessoa.
Dizia, em 1931 que o artificial passou a ser o natural e é o natural que é estranho. Ainda há pouco disse algo parecido, embora tenha lido isto ontem. Entre os dois inícios de século, aprendeu-se muito pouco. Fernando Pessoa dispensava todas as modernices da época, telefones, telégrafos, gramofones, fonógrafos, receptores hertzianos… Mas não havia para ele “flores como, sob o Sol, o colorido variadíssimo de Lisboa”.
Isto significa que a natureza, o campo, o ar, a paisagem gozam-se porque não se vive lá. Para os espectadores da EDP, o mercado a quem os anúncios se dirigem, ou seja a maior parte das pessoas, é completamente indiferente se a natureza se resume a umas pequenas reservas, umas aldeias históricas e populações imaginárias para a publicidade. Está tudo bem, desde que não se tenha de lá viver.
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