Relembra-me coisas
Sábado fomos ao Sargaçal apanhar castanhas. Tendo esperado bastante no restaurante O Meu Gatinho, só lá chegamos já passava das 15h00. Sempre sob a ameaça de chuva.
Na Leira onde tinha andado com o Cláudio na Quinta passada (já se nota boa diferença), estava o cão Jonas a dormir, um casaco, umas luvas, escada e ferramenta toda espalhada… O meliante do Cláudio, não. Enquanto a Susana, os miúdos, o Miguel e o miúdo dele apanhavam castanhas, fui ver se o encontrava. Berrei em todos os cantos. Nada.
Voltei ao mesmo sítio e duas quelhas abaixo, andava uma senhora a apanhar castanhas. Meti conversa e perguntei-lhe se tinha visto o Cláudio cá em cima. Não, só ouviu um cão a ladrar. Conferia com o cenário, se bem que o cão agora estava a dormir.
Entretanto, a conversa desenvolveu-se e fiquei a saber que quer vender o terreno onde andava e uma casa em Vila de Muros. Fui lá abaixo ver o terreno. Foi a primeira vez que segui o caminho da levada por ali e concluí que não existe caminho. Há muito que a terra foi caindo e acumulando e agora na melhor das hipóteses, o caminho é dentro dos terrenos. Já ninguém trata da levada, embora uns sete consortes (não sei se é o nome ali) utilizem a água.
O terreno tem um interessante palheiro de arquitectura o mais popular possível. Este tipo de construção dá muita personalidade aos locais, é uma pena que estejam todos ao abandono, a cair ou já em ruínas. Diz-me a senhora, que foi construido pelo pai há muitos anos. Tendo aquele terreno ardido duas vezes, achei estranho o palheiro estar de pé, ainda para mais tendo a frente em madeira. Outra coisa que reparei é que ali parece bosque, não quelhas outrora cultivadas. A sombra é total e a vegetação já não inclui erva mas principalmente fetos.
O tempo passou muito rápido, do Cláudio nem sinal. Eu sei, por muitas e variadas experiências passadas, que infelizmente é assim. Não é a primeira, nem segunda vez, que sai para almoçar e já não volta, deixando para lá tudo à balda. Mas, fruto de uma vida complicada por factores muito difíceis de aqui explicar, há sempre a possibilidade de ter acontecido alguma coisa. E eu nunca sei, o que basta para quase me estragar o Sábado.
A nossa memória é muito benigna. A minha é-o especialmente, esqueço-me de tudo que não me interesse mesmo muito. Existem uns estudos interessantes sobre o efeito da “vida online” e do permanente registo de tudo o que fazemos. O texto que linkei atrás, relembra-me coisas que na verdade não incentivam uma amizade duradoura. Por muito desconto que dê e tenho dado muito.
Uma resposta para“Relembra-me coisas”
No meio disto tudo só espero que não tenhas acordado o pobre cão do seu merecido sono. Por certo o dono estava a tratar de coisas mais importantes e abrangentes para ele. Mas pelas peripécias por ele protagonizadas, eu já teria perdido a paciência. Essa situação do pão foi no mínimo ridícula e falta de educação dele. Para a próxima levava-lhe uma côdea de broa e um pedaço de courato.