O consenso climático em perspectiva
Muito se tem desinformado a propósito das alterações climáticas. A esmagadora maioria dos textos e comentários dos auto-proclamados cépticos, na verdade negacionistas, enferma de um bias que será maioritariamente político. Associam o ambiente à esquerda, o clima ao ambiente e em termos de raciocínio a coisa ficará por aí. Fazem o trabalho de idiotas úteis de campanhas profissionais quase sempre ligadas a interesses petrolíferos ou do carvão. A maior parte desta guerrilha parte dos EUA e do aparelho dos conservadores. Uns poucos acham-se intelectualmente rebeldes e particularmente inteligentes, porque pensam diferente. É como ser diferente por beber Coca-Cola.
Mas, mas será bom colocar em perspectiva o que significa o consenso. Dos cientistas que realmente publicam em qualquer campo, 11% discordam que o Homem esteja a influenciar o aquecimento global. Se forem apenas climatologistas, o número desce para 1%.
Dividindo os cépticos por áreas da ciência, podia-se esperar especialistas em clima e ciências da terra, mas não. Apenas 12% nesses campos. Engenharia, 49% (incluindo engenheiros químicos e físicos). Quase metade dos cépticos são engenheiros, porque será? Diria que uma sondagem pelas petrolíferas e empresas de carvão, concluiria que empregam mesmo muitos engenheiros, uma bizarra coincidência.
O resto dos gráficos no Information Is Beautiful.
Uma resposta para“O consenso climático em perspectiva”
Gostei deste “post”, apesar de ser engenheira química. Pois como esta é uma matéria que me interessa, e embora dos meus colegas dessa formação (conhecidos) a maioria me pareça bastante atenta às questões do ambiente e seriamente preocupada com as alterações climáticas, o certo é que um colega que trabalhou na indústria petrolífera é negacionista e acha que sou “crente” (não é o único que me chama assim). Não sei se isto contribui alguma coisa para o seu “post”, mas é um testemunho.
Bom ano
Agradeço bastante o seu comentário. Essa dos “crentes” é um bom exemplo de como funciona a máquina. Porque os “crentes” são os que mais procuram saber; os que chamam “crentes”, acreditam em todo o tipo de patranha, desde que seja anti-ambiente e a favor do “business as usual”.
Até muito recentemente a indústria tabaqueira promovia a desinformação sobre os efeitos do tabaco na saúde, disfarçando-a de debate e os argumentos com que conquistava (e conquista ainda!) muito apoio público nada têm a ver com ciência: é um alarmismo, não existe consenso (existe), é um pretexto para mais impostos e controlo do governo. Soa familiar?
No calor dessa discussão a ONU reuniu um painel científico, através da WHO, para se pronunciar sobre a questão e elaborar uma recomendação- imediatemente procurou-se descredibilizar todos os envolvidos e a organização e foram-se buscar mesmo uns “doutores” para desafiar o consenso. Nos atrasos que conseguiram na introdução de legislação para abordar o assunto morreram provavelmente milhares de pessoas em todo o mundo.
Soa familiar?
É absolutamente inacreditável o paralelismo das duas situações- a história repete-se mesmo…
Não compreendo o que leva as pessoas a desconfiarem de quem sabe em benefício de uma qualquer conspiração mirabolante, ignorando o tipo de “conspiração” que ocorre mais frequentemente! Julgo que muita gente tem uma fantasia de espionagem e irreverência intelectual.
O tabaco foi um bom treino para o aquecimento global. Muitos dos directores de campanha, são exactamente os mesmos. Pode-se juntar também o ozono e o DDT (é bizarro, eu sei).
Inacreditavelmente o DDT lá apareceu numa das caixas de comentários do Ambio, no meio das alterações climáticas.
Muito interessante publicação de estatitiscas efectuadas pelos próprios sendo sabido o que acontece com os juízes em causa própria.
Quanto ao epíteto de “idiota útil a campanhas profissionais quase sempre ligadas a interesses petrolíferos ou do carvão” é mais uma desonestidade intelectual própria dos que insultam a inteligência dos outros quando não estão de acordo connosco.
Enfim está na linha.
Passe bem.
Caro Fernando Frazão, não se percebe o que quer dizer. Estão indicadas as fontes, sendo uma delas o projecto negacionista “PetitionProject.org”. A fonte apresentada neste gráfico concretamente é Doran e Zimmerman (2009), se tem algo concreto sobre a credibilidade desta estatística, faça favor, o blogue é seu. Pessoalmente nem sabia (nem sei) que são climatologistas.
Também não se percebe como existindo aparentemente tantos cientistas cépticos, os estudos teimam em não sair em publicações sujeitas a arbitragem científica. Andam mais pelos blogues e “think tanks”. É uma opção minha dar mais crédito às primeiras em detrimento dos últimos.
Obrigado, agradeço a atenção. E adoro todos os comentadores!