Mais e melhores resultados

Continuando a comentar o Ambio, agora este post… na Associação Árvores de Portugal, muito por minha influência, queremos manter as expectativas extremamente baixas excedendo-as sempre que possível. Não há meios e há virtualmente três pessoas sem as quais a associação não existe sequer. Para mim, o principal objectivo era ultrapassar esta situação, ou seja, que a associação tivesse condições de existir sem dependência do “pai fundador” nas palavras do Henrique Pereira dos Santos.

Considero os sócios muito importantes para além do pagamento, ao contrário do que o HPS diz. Por essa razão é praticamente impossível sair de uma associação (no sentido de não pagar e sair simplesmente), porque o número faz monte. É muito diferente a Associação Nacional dos Jovens Empresários dizer que tem muitos milhares de sócios (que raramente pagaram uma quota) ou muitas centenas de sócios pagantes. Para a Árvores de Portugal seria importante contactar uma autarquia a questionar mais uma intervenção desastrada no património arbóreo, com o peso de milhares de sócios, em vez da leveza de dezenas de sócios.

A mim não choca nada que uma associação elabore projectos e se candidate a fundos de financiamento desses projectos. Nem considero que se perca a independência por isso — não mais do que ser financiada por uma entidade privada. São compromissos. É o Mundo e a realidade. Entidades públicas ou privadas gastam milhões em acções ambientalmente prejudiciais e ao mesmo tempo uns tostões a manter ONG para por um lado gerir o “lado bom” da imagem e por outro criar uma sensação de equilíbrio, que na verdade não existe e provavelmente nunca existiu.

O que me choca é o projecto pelo projecto. Que a razão de existir sejam os projectos que acabam invariavelmente com um relatório e um CD numa gaveta algures, gerando muito pouco, se algum, valor acrescentado fora da sua própria estrutura. Isto está muito longe de ser exclusivo das associações e das associações ambientais em particular. Temos um sistema universitário todo assente nisto e em bolsas que se renovam continuamente. Os projectos são a razão de ser de muitas instituições e tal como o HPS considero isso perverso. O que não aceito é que um projecto ambiental seja criticado, deixando de lado todos os projectos que levam às situações de desequilíbrio e a prejuízos para todos menos os promotores. A projectos de destruição, seguem-se projectos de “requalificação” e “conservação”. Enfim, é uma cadeia de desperdício que pouco mais dá ao país além de uns empregos temporários e qualificados.

Relativamente ao desenvolvimento estratégico da Árvores de Portugal: inventariar as árvores notáveis que existem no país já será suficiente como objectivo para esse projecto. Não há para quê. É para saber que existem, serem assinaladas num mapa e poderem ser defendidas e visitadas, provavelmente começando com a sua classificação de interesse público. Contactou-nos um historiador australiano a perguntar onde andam os eucaliptos mais antigos do país. Nós queremos saber isso e esse é o objectivo. Poder depois informar estas pessoas é uma consequência positiva. Esperar que mais pessoas se interessem por essas árvores porque passam a saber que existem, outra. Daí, mais alguns sócios, outra. Com mais sócios há mais probabilidades de localizar mais árvores. E assim sucessivamente.

Felizmente através do site já apareceram proprietários a desejar classificar as suas árvores. Outros foram contactados, porque sem o seu acordo tal não é possível. Outro projecto em sequência pode ser a colocação de placas. Outro pode ser a compra de algumas ou de grupos com particular interesse. Mas, como o HPS tem dito, para isso é necessário que as pessoas dêem valor a estas acções e estejam dispostas a pagar para ver estas acções realizadas. Muitas vezes contra o interesse do Estado e contra ideias peregrinas apoiadas pelo Estado, como no caso da Experimenta Design e as suas pretendidas intervenções em árvores classificadas, inclusivamente contra a lei.

É minha convicção que nesse caso, se uma entidade tem direito a receber do Estado financiamento para destruir, a Associação Árvores de Portugal, cumprindo os requisitos legais, tem igualmente direito a receber financiamento para impedir essa destruição. É um desperdício, mas é assim que as coisas são.

Aquilo que temos imaginado conseguir fazer é praticamente um fim em si mesmo exactamente pela questão da sua sustentabilidade futura. Porque não estamos nem à espera de milagres, nem de multidões de amantes das árvores, nem de um futuro Woodland Trust português.

Também concordo que as actividades devem ser auto-sustentadas. Se é organizada uma caminhada, essa actividade não deve ser um encargo. De preferência o inverso. Uma palestra, ou um colóquio o mesmo. Um projecto que imagino perfeito para algo como o Kickstarter que mencionei no post anterior é por exemplo a edição de um livro — se o preço do livro for 20,00€, os “investidores” pagam 10,00€ antes de existir livro que posteriormente receberão. Assim, a edição pode ser paga ou muito amortizada previamente. Por outro lado, se não despoletar nenhum tipo de interesse, também se fica consciente do risco caso se resolva ir para a frente. O problema desta abordagem é que para resultar e ser minimamente representativa, deve ser do conhecimento de largos milhares de pessoas, das quais 1% ou menos se irá manifestar. Uma tarefa muito difícil.

Por fim, o falar e o fazer… se o intelectual tem capacidade de elaborar e implementar meios de financiamento de uma associação, é um dos seus sócios mais importantes. Tal como numa empresa, se as pessoas fizerem aquilo que sabem e o que gostam, fazem melhor, com mais entusiasmo e os resultados são mais e melhores.

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