Mondovino (2004)
Um muito bom documentário de Jonathan Nossiter que essencialmente coloca em confronto duas concepções do Mundo: uma, a do vinho personalizado, diferenciado, ligado a famílias por vezes milenares, por vezes modestas mas muito tradicionais; outra a do vinho como produto global, altamente manipulado e essencialmente parecido, quer seja de Bordéus, Toscânia, Califórnia ou Austrália.
Dá a entender que os americanos dominam a crítica mundial do vinho e por esse meio dominam o mercado. É emblemática a compra do Ornellaia da Toscânia pela família Mondavi da Califórnia (em parceria com os Frescobaldi de Florença). Seguiu-se pouco depois a consagração como melhor vinho do Mundo pela prestigiada revista Wine Spectator.
Notória a falta de classe que os americanos imprimem, não digo a tudo, mas a uma actividade até há pouco tempo regida por uma sabedoria milenar e profundamente tradicional. Uma falta de gosto chocante na sua ostentação. Como em tudo, são os que vendem e facturam. Um dos Mondavi, num misto de “bullshit” e grandes tiradas filosóficas, falava em fazer vinho em Marte daqui a algumas gerações. Marte não digo, mas para o Merlot californiano feito na China deve faltar pouco.
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