Para (não) variar

No fim de semana passado (e já aí está outro) estive a cortar trepadeiras. Quem vai acompanhando está entediado com as trepadeiras e não entende. Exemplo:
Estive a cortar a Glicínia (Wisteria sinensis) que é uma trepadeira podada duas vezes por ano. Fora isso é necessário cortar o crescimento excessivo. E perguntam o que poderá ser excessivo… bem, cortei um ramo que subia pela Magnólia e puxei-o.
Puxei-o e quando acabei de puxar era coisa para oito ou nove metros. Como tinha sido podada há menos de seis meses, podem ter a certeza que há meses em que chega a crescer dois metros — em todas as direcções, não é só um raminho. É uma trepadeira vigorosa que necessita da mão firme do jardineiro, senão cobre tudo. Claro que a trabalheira compensa.

Depois senti alento para podar a Magnólia que é uma árvore que se poda no Verão, diria idealmente em Julho ou Agosto, estou atrasado mas não muito. Tinha de certa forma desistido, porque com esta história dos ligamentos não estou na disposição de andar aos saltos e volta e meia, lá vem um ramo grosso lá de cima, o que obriga a mexer rápido, o que não posso. Ou seja, andei com cuidados extra.
Fui buscar o meu apparatus de poda em altura Fiskars e cortei uma série de ramos. O critério é exclusivamente formativo e estético. Remover também ramos cruzados, secos ou doentes (nenhum doente aqui). Agora vou tentar arranjar tempo para os triturar, porque acabou por ser tarde para isso.
É muito interessante reparar que uma árvore como esta, agora muito frondosa, começa a perder naturalmente os ramos interiores. Retirei uma série deles secos e verdes (o que adianta trabalho à árvore). No fundo secarem os ramos interiores é uma poda natural que a própria árvore faz, porque são ramos que não apanham luz e que deixaram de ter utilidade.
Regar os vasos continua a ser uma tarefa diária e já temos as favas do outro dia a despontar. Agora vejo ervilhas no Jardim Com Gatos, vou ter que andar para a frente… claro que não tenho nenhuma variedade precoce especial, vai ter de ser com o que há.

Uma resposta para“Para (não) variar”

  1. Ana Soares

    Falando de magnólias, agradecia que aconselhassem acerca de possível adubo, poda ou terra especifica para as mesmas.
    A que tenho no meu jardim tem cerca de 6 anos e 80 cm de altura.Dá meia de dúzia de flores e não passa daí.Penso que não é normal.
    Obrigado pela ajuda
    Ana Soares

  2. Ana Soares

    Vou tentar averiguar a variedade e depois volto ao assunto
    Obrigado

    Ana Soares

  3. Pedro Braz

    Gostei de o ver voltar à actividade do Sargaçal. Estou a iniciar um projecto semelhante, grande parte por sua “culpa”.

    Gostaria de saber se tem alguma formação em agro-florestal, pois embora me pareça que trabalha no sector livreiro, parece entender muito do assunto. Muito do qual não se aprende apenas com a RHS.

  4. Pedro Braz

    De referir que “o meu projecto” corre para os lados de Vila Velha de Ródão e é sustentado, nesta fase inicial, na plantação de carvalhos, nogueiras, cerejeiras e castanheiros.

    Espero que resulte tão bem como o seu.

  5. José Rui Fernandes

    Boa sorte para o seu projecto, para mim é sempre surpreendente saber que posso influenciar ou inspirar algo do género. Eu tenho um amigo da área florestal que me deu umas dicas na altura. Mas um colega dele aconselhou a arrancar tudo e plantar castanheiros e azevinhos com intuito comercial, que recusei.
    Uma boa fonte de informação é a associação florestal da zona.

  6. José Rui Fernandes

    Parece-me uma excelente escolha de árvores… E tem muito espaço? Não fique com a ideia que o meu corre muito bem… Anda para lá, o que é diferente de correr bem.

  7. José Rui Fernandes

    Ana, as Soulangeanas habituais são suposto crescer até aos 6m-7m, o que não é muito… solo bem drenado e bastante matéria orgânica. Sol também.
    No entanto, estive a ver e há cultivares que vão até 15m. Se realmente é Soulangeana, não é normal. Eu nestes anos, observei que uma árvore num local adequado, cresce mesmo muito. Talvez o local seja mau para ela.

  8. Carlos Pereira

    Caro José Fernandes. Refere no seu texto que após os cortar, vai triturar os ramos. Que trituradora tem (marca/modelo) e qual a sua experiência/opinião, que eu ando para comprar uma, mas não conheço ninguém que tenha e não quero “enfiar o barrete”. Queimar é mal empregado e perigoso, mas a variedade de preços e o orçamento disponível aconselha cautela… Obrigado e continuação de boas melhoras! Carlos Pereira

  9. Pedro Braz

    O terreno em causa tem cerca de 7,5 ha. Tem alguns declives mas nada de muito relevante. O principal problema para a plantação daquelas árvores (carvalhos, nogueiras, cerejeiras e castanheiros) é tratar-se de um terreno muito pobre (actualmente, são 7,5 ha. de estevas) é o que vai implicar muito investimento, apesar de já ter duas nascentes (água é essencial)

    Ainda cheguei a pensar em fazer como os meus vizinhos que plantaram eucaliptos mas felizmente foi uma ideia que passou muito depressa (se bem que numa área superior a 100 ha. e dentro do Parque do Tejo Internacional a vizinhança resume-se a isso mesmo).

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