Eng. Carlos Pimenta

Fui a um jantar organizado por um colectivo chamado Porto Laranja porque ia palestrar o Eng. Carlos Pimenta, que foi o único político na minha memória que fez alguma coisa pelo ambiente em Portugal. Não desiludiu. De forma apaixonada debitou uma quantidade de informação que nunca mais acabava.
Fiquei a saber mais. Mais sobre a farsa que são os PDM, que têm licenças de construção para 25 a 30 milhões de pessoas (e mesmo assim a cada passo mais uma excepção para instalar por exemplo uma fábrica Ikea em reserva ecológica nacional e outra em reserva agrícola); mais sobre o preço da energia e o custo das renováveis comparativamente com as outras; o erro crasso que foi construir a Ponte Vasco da Gama sobre o Tejo; que a energia nuclear não tem seguro; que houve um deputado europeu do PSD que depois foi presidente do partido, que nas poucas vezes que ia ao parlamento europeu, conseguia voltar poucas horas depois no mesmo avião da TAP (de quanto é a reforma desse indivíduo tão sacrificado e que tão dignamente representou o nosso país além fronteiras?); enfim, fiquei a saber mais sobre uma grande quantidade de assuntos. O Eng. Carlos Pimenta, não só fala com conhecimento de estudo e de causa, como aplica na sua vida os princípios que defende, desde a agricultura biológica em casa, a energia solar térmica e fotovoltaica.

Tem grandes adversários dentro do seu partido e mesmo no blogue dos organizadores, lá estão os lugares comuns anti-ambiente. Primeiro os apoiantes “fanáticos” das renováveis… como de costume, aqui com a delicadeza de ser entre aspas certamente por respeito ao orador. Nunca vi apoiantes “fanáticos” das energias fósseis ou nuclear. Aí, é só gente esclarecida e racional com aspas ou sem aspas. Umas sumidades.
Depois o comum atirar para o futuro e para a próxima grande tecnologia, a resolução dos problemas de hoje… é a fórmula costumeira de quem quer que fique tudo na mesma. São as centrais nucleares de quarta geração que nunca ninguém viu (podia dar o exemplo da terceira geração na Finlândia, 37 meses atrasada, um orçamento duplicado para quase 6.000 milhões de euros), as baterias nucleares (os iPhones da energia nuclear!) e até a anti-matéria… desde que sirva para não ser eólica ou solar, tudo é justo. O ambiente nunca deu votos.

Uma resposta para“Eng. Carlos Pimenta”

  1. greenman

    Isso é que foi! Sai-se de um jantar desses com vontade de emigrar! Mas para onde?? A corrupção está generalisada, é por todo o lado, a toda a hora… Os cifrões mandam mais do que qualquer outra coisa!
    Houve alguma ‘boa notícia’??

  2. José Rui Fernandes

    Algumas, mas parece-me tudo muito pontual para não dizer quase casuístico, dependente mais de uma pessoa entusiasta do que de grandes rasgos estratégicos. Como aquele programa que dava “Radar de Negócios”, há bons exemplos, mas são poucos e de pouca dimensão. E nesse particular não há pessoa mais entusiasmada do que ele — é natural que tenha sucesso.
    Mas de facto falou-se nisso, inclusivamente os filhos dele têm passaporte Australiano e cada vez mais se coloca a questão — de ficar ou ir. Porquê ficar neste momento?

  3. Ana Mourão

    O Eng. Carlos Pimenta estava no governo quando “descobri” isto da ecologia. Eram tempos em que era preciso ser muito radical e fanático pelo ambiente para fazer reciclagem (ainda não havia ecopontos, apenas centros de recolha na sede de concelho). Tinha ideias muito radicais, que agora já não são, são apenas banais. A idade tambem trouxe alguma calma e sabedoria, hoje em dia sou radical à minha maneira e transmito isso às minhas filhas e para mim é esta a maneira de mudar o mundo: mudei eu, mudei “os meus” e eles vão mudar os deles. O que me deixa triste é ver como a nova geração não tem nada por que lutar, não vejo neles vontade de mudar nada, apenas se preocupam com o seu bem estar… as vezes parece que não lhes ferve o sangue nas veias por nenhum assunto. Apatia total. Se calhar está na altura é de emigrar para o norte de Africa, pelo menos lá os jovens fervem com alguma coisa.
    Ana

  4. Pedro Braz

    Será que o Eng. Carlos Pimenta falou dos seus interesses na energia eólica? E na colocação de parques solares em zona RAN?

  5. José Rui Fernandes

    Sim, não. Qual é o problema de ter eólicas em RAN? A agricultura não se pode praticar perto de eólicas? Pessoalmente não me agradam eólicas em REN. Mas sou obrigado a vê-las como um mal menor.

  6. Pedro Braz

    O regime jurídico da RAN não permite a instalação de paineis solares… nem em REN, enm em RAN.
    Pensei que o Eng. Carlos Pimenta tivesse falado disso já que as suas empresas (uma das quais não é sócio mas apenas administrador executivo) andam bastante atarefadas…

    Quando se defende algo por interesse, então não se respeita o que se defende. Mas estamos perto de ver outro exemplo disso na política portuguesa com a intervenção do Angelo Correia na defesa dos créditos de carbono.

  7. José Rui Fernandes

    Não sei disso… se soubesse, até podia ter perguntado. Mas sinceramente, ele tocou em tantos pontos que o incomodam verdadeiramente que não sei se seria eu que ia tocar em mais outro… Quando falou da ponte sobre o Tejo pensei verdadeiramente que lhe ia dar uma apoplexia. Pensei mesmo…

  8. José Rui Fernandes

    Ana Mourão, radical e fanática para reciclar? Eu uso essas palavras para outras situações, não vá dar-se o caso de até perderem o seu significado.
    A nova geração, a continuar assim, vai ter que lutar por uma malga de sopa.

  9. Pedro Braz

    O Estado Português foi condenado ao pagamento de uma coima por infracção ambiental no processo de construção da Ponte VdG.

    Salvo erro, essa coima já tinha sido prevista no orçamento da ponte (0,2% do Orçamento). Como em tantos casos (a construção das portagens da A2 em Paderne é outra situação típica), o Estado é condenado a pagar coimas no âmbito da jurisdição europeia, sem que tal importe a reintegração do local tal como aconteceria com o particular. É o que se chama de “interesse público”…

  10. José Cecilio

    Eu pergunto : qual é o problema de instalar energias eólica e solar em zona de RAN ou REN se a lei prevê essa possibilidade se as energias renováveis estão condicionadas ao período de vigência dos contratos? Os terrenos 40.000m2 a que me reporto REN estão numa zona de vento por excelência, e razoáveis de Sol, pràticamente estéreis, ninguém os quer nem com “contratos de comodato”, não existe fauna nem flora e não existem habitações a mais de 4Kms. Será que estes terrenos foram escolhidos para REN por não haver nada mais apropriado ou será que só servem para pagar impostos? Muito agradeço a ajuda a quem luta pelas energias renovavéis.

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