Não saberão o que é uma giesta
Ainda bem que o Dr. Pacheco Pereira conhece a linha do Tua e aparentemente gosta de giestas (Abrupto), senão era tudo corrido a demagogia, a linha e as giestas…
Diz que está na lista negra dos ambientalistas como se isso fosse uma cruz de guerra de primeira classe… enfim… cada qual com as escaramuças que merece…, não será bem uma cruz de guerra, suspeito mesmo de uma mera medalha de cortiça…
De todos os problemas ambientais que a humanidade enfrenta e mais modestamente Portugal, nenhum é mais preocupante que já não sabermos o que é uma noite escura. À linha do Tua e às giestas, junta-se a astronomia… ainda bem que o Dr. Pacheco Pereira gosta de astronomia… mas, no último parágrafo afinal “estamos a chegar aos limites de tudo — últimos vales, últimos montes, ultimas paisagens”.
Se os limites são de tudo, não se entende a medalha de cortiça, o elogio a Lomborg e aos seus (estafados) argumentos contra a demagogia ambientalista, demagogias sobre o “aquecimento global” (sic), a retórica catastrofista… nas palavras do próprio, o futuro de uma criança:
As crianças que hoje nascem vão viver num mundo dominado pela poluição luminosa, de caos urbanístico, construções clandestinas mal-amanhadas e sem paisagem natural. Nunca vão ver a Via Láctea a não ser em fotografias, não sabem o que é um vale selvagem de um rio a não ser nos filmes americanos, nunca cheirarão a urze, nem saberão o que é uma giesta, não terão o vento na cara no cimo duma montanha, sem este trazer a marca conspurcada do mundo de lixo que começa logo uns metros mais abaixo, nunca verão um carvalho, nunca comerão uma truta sem ser de viveiro, não saberão o que é o silêncio “habitado” que muda o coração dos homens que o sabem ouvir.
O que são as demagogias e catastrofismos, comparados com os interesses ambientais do Dr. Pacheco Pereira? Mas ainda bem que gosta do Tua, das giestas e da Via Láctea… pode ser que um dia destes conclua que também é cada vez mais difícil vê-la através do CO2…
Uma resposta para“Não saberão o que é uma giesta”
Raramente estou em sintonia com o pensar do sr. Pacheco Pereira, mas, desta, estou. E não são “as crianças que agora nascem”! São já as gerações de 40/50 anos que nasceram e viveram nas cidades. Eu, se conheço essa maravilha da Natureza, que é o firmamento à noite no interior, é porque nasci e cresci numa aldeia de Cinfães, onde nem eletricidade existia. Que delícia estar deitado na relva a observar aquelas “velinhas” todas acesas! Pena é que não tivesse conhecimento suficiente para apreciar aqueles conjuntos de estrelas, que achava estranho mas só mais tarde, já longe deles, na cidade, vim a saber chamarem-se constelações!