Ainda ontem estive a ver esse filme. O que mais gostei foi o retrato que fica nas entrelinhas sobre a condição da mulher naqueles meados do século XIX. Por um lado, por coisas que nós hoje tomamos como aberrações serem tidas como normais entre um homem e uma mulher, e por outro, por circunstâncias de colapso que nós entendemos como parte da vida… “normal”, estarem tão longe de poderem ser compreendidas.
Eu ia escrever algo, porque achei um filme de certa forma perturbador, mas devido ao adiantado da hora acabei por colocar só as imagens. Não achei líquido que a condição da mulher, tal como se apresenta, fosse considerada normal. Julgo que na época, em muitos quadrantes seriam também aberrações, tal como hoje o seriam e na verdade o são, porque a miséria que por aí vai dentro de muitas casas eu não sei — quando algo surge à superfície, é ao nível do que se vê neste filme. Se bem que eu julgo que o que levou as mulheres à loucura foi um acumular de factores que individualmente não teriam esse poder.
Mas, se te referes à condição de casar, que aqui acabou por tomar proporções de desespero, acho que sim. Casar e ter filhos era um objectivo e as pessoas viviam em função desse alto objectivo, designadamente as mulheres. E também sofriam por isso se preciso fosse. As minhas avós e até a minha mãe, encaravam o casamento de uma forma absolutamente diferente da minha (nossa) geração. Se particularizarmos, histórias de terror sempre houve e continuam a haver, mas uma certeza que eu tenho é que não vejo ninguém mais feliz nos dias de hoje. O que era um objectivo foi substituído frequentemente por vidas sem objectivo nenhum. As pessoas vivem de uma forma complexa com a nítida sensação (quem a tem) que não chegará nunca a lado nenhum.
Uma resposta para“The Homesman (2014)”
Ainda ontem estive a ver esse filme. O que mais gostei foi o retrato que fica nas entrelinhas sobre a condição da mulher naqueles meados do século XIX. Por um lado, por coisas que nós hoje tomamos como aberrações serem tidas como normais entre um homem e uma mulher, e por outro, por circunstâncias de colapso que nós entendemos como parte da vida… “normal”, estarem tão longe de poderem ser compreendidas.
Eu ia escrever algo, porque achei um filme de certa forma perturbador, mas devido ao adiantado da hora acabei por colocar só as imagens. Não achei líquido que a condição da mulher, tal como se apresenta, fosse considerada normal. Julgo que na época, em muitos quadrantes seriam também aberrações, tal como hoje o seriam e na verdade o são, porque a miséria que por aí vai dentro de muitas casas eu não sei — quando algo surge à superfície, é ao nível do que se vê neste filme. Se bem que eu julgo que o que levou as mulheres à loucura foi um acumular de factores que individualmente não teriam esse poder.
Mas, se te referes à condição de casar, que aqui acabou por tomar proporções de desespero, acho que sim. Casar e ter filhos era um objectivo e as pessoas viviam em função desse alto objectivo, designadamente as mulheres. E também sofriam por isso se preciso fosse. As minhas avós e até a minha mãe, encaravam o casamento de uma forma absolutamente diferente da minha (nossa) geração. Se particularizarmos, histórias de terror sempre houve e continuam a haver, mas uma certeza que eu tenho é que não vejo ninguém mais feliz nos dias de hoje. O que era um objectivo foi substituído frequentemente por vidas sem objectivo nenhum. As pessoas vivem de uma forma complexa com a nítida sensação (quem a tem) que não chegará nunca a lado nenhum.