De Volta

Palheiro e levada

Passaram-se anos e finalmente voltei ao Sargaçal. O terreno está no sítio, o resto, a haver mudanças é que está tudo mais desolado. Como praticamente toda a gente, o Cláudio e o irmão estão a trabalhar fora. Dos mais velhos que conheci, a maior parte faleceu. Na aldeia Vila de Muros, resta o senhor Franklim e talvez um indesejável, entre algumas casas de fim-de-semana. Fui lá quatro dias e não vi ninguém a passar, ou nos campos. Visitei o senhor Franklim que infelizmente tem a D. Clotilde muito doente há três anos no hospital e sem hipótese de recuperação. Escusado será dizer que são perspectivas desanimadoras e prostrantes. O senhor Franklim falou em acabar com a Associação Para a Promoção e Desenvolvimento da Ribeira de Tendais, da qual era o mentor, ninguém se interessa ou paga quotas… estou a pensar nesse assunto e no que fazer. E gostei imenso de o rever.
Em Valverde, que fica na mesma rua a cerca de dois quilómetros, temos agora vizinhos vindos da Holanda, a Lydia e o Onno — têm um blogue As Rolhas e também estão no Instagram. Também têm um projecto online em preparação vaila.pt. Mas o que é verdadeiramente incrível é o restauro que estão a fazer na casa que compraram de “estilo brasileiro”. Fazem praticamente tudo sozinhos (sem saber nada do assunto, à partida) e o Onno disse-me que esperam mais uns quatro anos de obras — independentemente disso tudo, é assim que se recupera e preserva o património, não é a deitar abaixo o que há de único no vale para substituir por lages aligeiradas e cimento. É um projecto que sigo com muito interesse.
No terreno estava tudo mais ou menos bem. O que havia para roubar, foi roubado mas eu já sabia disso das últimas vezes que lá tinha ido. Em certos casos pode-se considerar vandalismo, como cortar um tubo de hidronil para roubar uma mera torneira — o trabalho que dará a repô-la supera em muito o valor da torneira. Se voltar a colocar tudo a funcionar, vai ser com uma conversa desamigável prévia com o tal indesejável. Gostei bastante de lá andar, fiz alguma limpeza e queimei umas coisas. Também aproveitei para trazer lenha. A maioria das árvores está enorme, menos as de fruto (surpreende-me que tenham sobrevivido). Mas é agora um bosque, praticamente deixou de haver lameiros ou áreas de cultivo. Foi bom percorrer todo o terreno.
Para já, o que estou a pensar fazer é relembrar o processo, o estado da papelada e solicitar um “pedido de informação prévia” na câmara, para perceber o que ali pode ser feito e se algo mudou.
PS: No lugar deste texto estava outro a dizer que o blogue acabou em Junho de 2020. Vou voltar a publicar aqui coisas que me interessam, mas vou tentar retirar para o meu outro blogue lab.sargacal.com tudo que não disser respeito ao Sargaçal ou ambiente. E ainda escrevo no jardinagem.org que é principalmente o diário do meu jardim actual.

Uma resposta para“De Volta”

  1. Luciano Lema

    Hoje, a propósito de banda desenhada, falei do Mundo Fantasma, lembrei-me de ti e do Sargaçal e vim ver se ainda por cá estavas. Vejo com agrado que sim e, pelos vistos, a pensares em recomeçar.
    Abraço!

  2. José Rui

    Olá, acho que há anos que não tinha um comentário… Estou a pensar recomeçar sim e decidir o que fazer nos próximos tempos.
    Tu também ias documentando as coisas se me lembro… Não tens blogue, site ou o que seja?
    Obrigado por te lembrares. :)

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