Inteligência artificial
Se alguma vez existiu um déficit de inteligência no Mundo, e tudo indica que sim tendo em conta o desfecho que parece inevitável, a inteligência artificial está aí para colmatar alguma lacuna, sem se saber muito bem com que consequências. Na próxima fase da globalização vai constar uma perda colossal de postos de trabalho e ainda ninguém percebeu muito bem o que é que essas pessoas todas vão fazer. Entre IA e robótica, milhões de pessoas irão perder o emprego.
Empregados de bancos e seguradoras (The Guardian) vão ser substituídos aos milhares e se repararem no artigo, a empresa conta recuperar o investimento em dois anos. É uma máquina IBM que não ganha salário, trabalha 24 horas por dia e não pede férias. Motoristas de todo o tipo, incluindo os taxistas, vão ser substituídos por carros que na verdade são robots. Um especialista em robótica vaticinou que crianças nascidas em 2017 nunca guiarão um automóvel (Quartz), parece que toda a estrutura de aprendizagem para tirar a carta também está em perigo, já para não falar dos polícias de trânsito e fiscais de estacionamento. A partir do momento em que todos os carros cumprem as regras e comunicam não só entre si, como com o parcómetro e uma qualquer central de controlo, as redundâncias serão exponenciais. Os próprios veículos serão construídos integralmente por outras máquinas, não será necessária grande mão de obra para a nova frota que se avizinha. Empregados de caixa de supermercado (The Verge) e de outras grandes superfícies (e posteriormente de outras não tão grandes) deixarão de ser necessários.1
Todas estas alterações sociais profundas não estão no domínio da ficção científica, estão no domínio da realidade de hoje e a muito poucos anos de serem implementadas em grande escala.
A inteligência artificial é mais uma área do conhecimento em que o passo pode ser bem maior que a perna. Ainda há pouco um investigador japonês concluiu que o Google Translator aprendeu mais numa noite do que durante toda a sua existência anterior (New York Times).2
Bill Gates argumenta que se um humano gera uma determinada riqueza a trabalhar numa fábrica e é taxado, o robot que o vai substituir também deve ser taxado ao mesmo nível. Parece simples, mas não. Os impostos que o humano paga já estão todos endereçados para as mais diversas funções e o déficit parece mesmo assim, ser um facto da vida. O que Gates diz é que libertando o humano dessas funções que podem ser automatizadas, pode-se com o dinheiro desses impostos pagar para que mais idosos sejam cuidados, para que existam mais professores com turmas menores, etc. O que não é dito é que para isso poder acontecer, o robot tem de pagar os impostos que o humano pagava mais impostos ao nível do salário do humano ou humanos substituídos. Das duas uma, ou isso nunca irá acontecer, ou então o que se espera é um aumento da produtividade avassalador (leia-se consumo), que corresponda a impostos suficientes para pagar a hordas de desocupados.
- Uma lista de carros autónomos apresentados na CES deste ano (The Verge). [↩]
- No mesmo sentido Google Translate AI invents its own language to translate with (NewScientist). [↩]
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