Camélias Portuguesas: História e Formosura
Este livro foi-me apresentado pela D. Isaura Allen, quando lá fui com a minha amiga que mora na Holanda. E compramos cada um o seu. No dia seguinte falamos e a opinião coincidia: Interessante, mas muito feio.
Trata-se de um livro bilingue, onde o português está escrito a cor-de-rosa, em toda a sua extensão — nunca vi nada igual. Ler torna-se um exercício cansativo. Como se não bastasse, a hifenização é praticamente inexistente ou pura e simplesmente desastrosa, não há ritmo, há um perfeito caos de espaçamento entre as letras e palavras. Por todo o lado vê-se a utilização de hífen em vez de travessão, falta de espaço após o ponto final ou vírgula, espaço antes de vírgulas, fotografias demasiado pequenas para terem utilidade, outras imagens a despropósito, isto num livro que merecia fotografias bem maiores e mais espaço para o que realmente interessa. Nesse aspecto, outro desastre é a escolha da fonte. Para não mencionar ou sugerir apenas num tipo de letra mais económico em espaço ocupado, então um livro destes não grita por uma elegante fonte serifada e talvez clássica? Não, dos títulos ao texto, a fonte escolhida foi a Myriad — que mal apareceu foi adoptada pela revista Wired e tem sido a fonte da Apple desde 2002. Eu diria que uma fonte que tão rapidamente é escolhida pela área tecnológica, se calhar não será a ideal para paginar um livro sobre camélias portuguesas.
Outro detalhe que não pude deixar de reparar, foi no desfile muito português de doutores, doutoras, engenheiros e professores doutores, por todo o livro, designadamente no capítulo dedicado aos criadores de camélias. Os anteriores ao século XX, foram de longe os mais importantes e as camélias não lhes saíram menos formosas por não ostentarem tantos e tão garbosos títulos. José Marques Loureiro, José Duarte Oliveira Junior ou Alfredo Moreira da Silva, por exemplo. Num livro que sofre imenso com a falta de espaço por onde respire, é um desperdício de tinta e papel, tantas palavras gastas em curricula — sem dúvida obtidos com “todo o merecimento” —, mas absolutamente irrelevantes para o tema. Há um formalismo transversal a toda a obra que pessoalmente não aprecio. As fotografias deste capítulo estão entre o mau e o inaceitável em qualquer livro.
Bom no meio disto tudo foi não ter encontrado erros ortográficos nem fortuitos, nem “acordados”. Felizmente o autor não aderiu ao tal acordo, ao contrário das editoras que por aí andam a fazer de conta que vendem muitos livros para o Brasil. Também não notei gralhas para além das tipográficas, se bem que há pelo menos um erro numa fotografia.
Retiradas estas questões da frente — e num livro todo cor-de-rosa, não foi fácil —, gostei bastante de lê-lo. Está escrito de forma eficaz, embora existam diferenças entre os textos notórias no capítulo de curricula. Por exemplo, de José Marques Loureiro trata-se efectivamente de uma pequena biografia, de outros já serão uns apontamentos biográficos e outros ainda, não passa de um resumo do curriculum. Este capítulo ostenta assim as páginas que mais gostei — a biografia de José Marques Loureiro e mais uns poucos —, e também as que menos gostei. Também se notam diferenças de estilo no capítulo sobre locais com colecções importantes, parece que foram escritos em tempos diferentes e depois faltou um editor que fizesse esse trabalho (de editar).
Antes tem aquilo que me pareceu uma muito boa história da camélia portuguesa e em Portugal. Muito interessante, com uma pesquisa que parece meritória e bem escrita. Mais uma vez, os portugueses pioneiros (não devem restar grandes dúvidas que a primeira camélia chegou à Europa por mãos portuguesas) não sabem depois valorizar e vender o que têm.
No capítulo das colecções, são apresentados várias quintas e locais que merecem ser visitados, não só por amantes das camélias, mas por qualquer amador da jardinagem. Fiquei com a sensação que tenho de sair mais.
No fim, cerca de 200 fotografias de outras tantas variedades portuguesas (de um total a caminho das 500, ao que consta). As fotografias são necessariamente amadoras e acho-as bastante desequilibradas entre elas, sendo as piores as das camélias brancas. Não é aceitável que algumas tenham uma legenda inscrita (que reconheço como sendo de Villar d’Allen).
Apesar de tudo, o livro foi lido rapidamente e até com uma certa avidez. No fim senti aquilo que mais gosto ao acabar um livro — senti que aprendi mais que alguma coisa —, aprendi bastante. Gostei de o comprar, mas agradava-me que fosse um livro bonito e está longe de o ser. Voltei a Villar d’Allen e comprei outro para oferecer, considerando que custa 30,00€ (mais a deslocação até ao Freixo), diria que tudo somado, a minha crítica é extremamente positiva e só posso aconselhar a sua compra, esperando que seja possível uma segunda edição bastante melhorada.
Uma resposta para“Camélias Portuguesas: História e Formosura”
Hello
Passionate heather plants and particularly by camellias, I am part of the association ‘Breizh Camelias’ in France; why I would like to buy your book … and if possible to have the address of a contact for the park Flavius ….
Thank To give me : the cost and the address to send you money to buy the book
–
Bernard Rouxel
66 allée de la Peuduais
56350 Rieux
That’s not my book, this is just a review. Maybe you can contact the author through his Facebook page.
For Flavius camélias I only have the website. Or Facebook.