Sr. Nuno, o serralheiro
Este Sr. Nuno é um personagem que merecia um blog só para ele. Fala aos berros, num português espectacular, constantemente decorado com palavras como “ilações” ou “hipótese” e frases rematadas com os mais coloridos palavrões.
Há quatro anos fez-nos o corrimão de fora, segundo o desenho da “arquitecta”. Foi uma espécie de primeira vez e desde aí tem os mais fantásticos adjectivos para classificar os arquitectos. Sempre que mando fazer alguma coisa pergunta logo se são “arquitecturas”. Porque, ele cá não se mete noutra e se lhe falo disso, sai logo um “fuodasse” com as sílabas bem vincadas. Nunca percebi muito bem, porque o corrimão era difícil de ser mais simples.
Mas, o Sr. Nuno tem uma genuina piada. Coleccionador de tudo, desde livros a revistas cor de rosa que lê no wc, passando por cinzeiros, calendários e quinquilharia em geral. Recita solenemente o ano, mês, dia e a hora em que deixou de fumar, só me lembro que foi em 1968 porque foi o ano em que nasci. É impossível manter um ar sério com o Sr. Nuno por perto, mesmo quando ele fala seriamente, ou especialmente nessa alturas, porque dá cada cacetada na gramática que até despenteia o Luis de Camões. Volta e meia lá sai uma lenga-lenga como a “Carta de Amor”, que tenho que transcrever um dia destes.
Mas, o ponto alto é “Os Mistérios da Natureza”, um inacreditável retrato da bicharada, relatado mais ou menos como a tabuada do antigamente. É literalmente de ir às lágrimas e tem de ser registado para a posteridade.
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