A tábua
Aproxima-se a passos largos o dia de regressar ao Sargaçal. Mas ando sem disposição para nada — verdadeiramente incomodado. Pelo menos, o Cláudio tem regado duas vezes por semana (ontem quando lhe telefonei apanhei-o no Lameiro da Gracia a regar as bétulas). A má notícia é que ainda morrem castanheiros dos que plantamos — diz que em volta é só buracos de toupeiras. Atrás das toupeiras vêm os ratos (como é sabido, as toupeiras são exclusivamente carnívoras, mantendo a dieta nos insectos). Também diz que está tudo mais ou menos apresentável, a ver se fazemos o primeiro piquenique. Mas isto a propósito de quê?… Ah, da tábua. Esta fotografia é de Outubro de 2003.
Quando compramos esta parte do terreno, havia um senhor que trazia aqui o gado. Falei com ele, disse-lhe que o gado estava de saída, ao que retorquiu que até era bom, pois estava a ficar demasiado velho. Não acabou sem um pedido que na altura considerei bizarro: Queria a tábua. Já não me lembro da justificação. Claro que lhe disse que podia ficar com a tábua.
Outro senhor, levou dois ou três pedaços de madeira para lenha, mas a madeira mais sem valor que se possa imaginar. Na altura, o Cláudio explicou-me que o antigo proprietário tinha prometido aquela madeira. Caprichoso. Lenha era por todo lado e aquela tinha especialmente pouco valor. Estava podre, enfim, não prestava. Se calhar já contei isto… Perguntei ao Cláudio que história era esta com a lenha sem valor, porque de uma forma ou de outra, não tinha eu que arcar com as promessas dos outros. Era só para ver se eu era “bonzinho”, disse-me ele. Ah, bom.
De notar, que nem com um nem com outro, alguma vez voltei a exercer a minha infinita bondade. Nem o inverso. Mas se fosse hoje, nem o primeiro levava a tábua, nem o segundo a lenha sem valor.
Uma resposta para“A tábua”
Num dia quente como este, soube mesmo bem vir visitar o sargaçal e ver esta imagem… Sou fã das estações mais frias… esta imagem leva-nos logo a imaginar uma chaminé a fumegar… o cheirinho da terra molhada… apanhar cogumelos… Lá estou eu a divagar!!! Adorei vir cá…ehehe
Eu também me fui tornando fã das estações mais frias e são agora as minhas preferidas. Mas também gosto das outras, especialmente porque a natureza tem sempre algo diferente para mostrar.
Hoje, o meu dia ideal pode ser de chuva intensa, ou mesmo trovoada, enquanto leio um livro no conforto do lar.