Aprendendo com John Seymour (1)
A auto-suficiência não é só para quem tem dois hectares de terreno. Uma pessoa da cidade que aprende a consertar os seus próprios sapatos, torna-se de certa forma, auto-suficiente. Poupa algum dinheiro e aumenta a sua satisfação pessoal e auto-estima. Não fomos feitos para sermos um animal de apenas um trabalho. Não somos felizes como parte de uma máquina. Somos por natureza diversificados, gostamos de fazer diversas coisas e ter várias habilidades. A pessoa da cidade que compra farinha ao moleiro e faz o seu próprio pão, elimina um intermediário e tem pão de melhor qualidade.
Uma resposta para“Aprendendo com John Seymour (1)”
Concordo totalmente. Eu por mim faço o que posso desde ensinar física, escrever, cozinhar e agricultura.
A questão é como conciliar essa natureza de criaturas “holisticos” com a parte da eficiência económica.
As duas parecem-se (quase) incompatíveis.
Alguma sugestão?
Isso exige um outro ensinamento de John Seymour! :)
Pessoalmente julgo que não são totalmente incompatíveis, para uma pessoa que apesar de viver no mundo moderno, não esteja dependente de tudo e mais alguma coisa desse mundo, nomeadamente da ostentação e do luxo.
De qualquer modo, o modelo económico vigente está esgotado ou a esgotar-se, pois baseia-se na depauperação pura e simples do planeta. Ainda há pouco tempo tempo li na Homepower Magazine que se o mundo vivesse todo ao estilo americano, seriam necessários sete planetas. Dito por outras palavras, pelo menos no sentido que eu compreendi, para eu ter o nível de vida que tenho há uns milhares a viver em condições miseráveis. Ainda contribuem para o meu bem-estar fabricando uma infinidade de artigos a um custo incrivelmente baixo que posteriormente eu compro a um preço incrivelmente alto.
Mas, divago. Basicamente o que John Seymour diz e eu descobri também, é que para ter sucesso numa eventual mudança para o campo, é essencial ter uma pequena fonte de rendimento extra que não seja a terra.
No nosso caso (e pelo que entendi, no teu caso a trabalhar no Porto e com a terra na Batalha), a distância é que está a criar dificuldades. Mas, é outro sinal dos tempos — trabalhar a quilómetros (ou horas) do sítio onde se vive ou se quer viver.
Não me referia a esse aspecto mas ao facto de Adam Smith nos ter ensinado que, do ponto de vista económico, a especialização é sempre mais vantajosa.
Sem dúvida que do ponto de vista económico puro e simples, a especialização tornou-se praticamente ubíqua, quer as pessoas queiram quer não. E não é só no sistema capitalista. É fazer parte da tal máquina.
Mas, na prática (na minha prática), essa especialização não compensa na balança felicidade vs. economia, se assim se pode dizer. Porque no Sargaçal só perco dinheiro directa (absorve bastantes recursos) e indirectamente (no tempo que lá passo podia estar a facturar alegremente). E não sou só eu. É toda a gente com quem falo. Daí surgirem os “turismos de habitação” e coisas assim.