Convergência científica
Os liberais do Blasfémias, recomendam o impagável “resistir.info” (de tão ridículo), uma espécie de voz oficiosa do partido comunista português. Os liberais, obviamente esperam que em virtude do conteúdo… … digamos… fantasioso do site, a ironia funcione sem grandes dúvidas.
No mesmo blogue, outro distinto liberal recomenda o inefável Mitos Climáticos, tal como o genial André Azevedo Alves, n’O Insurgente (aliás O Insurgente em geral é um grande admirador, e destacador e redestacador do blog das fantasias climáticas).
Não é que através do A-Sul dou de caras com mais um artigo de Rui G. Moura, o arrogante autor do Mitos Climáticos (o tal que diz que o buraco de ozono “foi uma luta entre fabricantes da conservação e preservação pelo frio.”), no inenarrável resistir.info!
A cegueira ideológica é uma coisa muito bonita e edificante. É digno de se ver a sanha anti-americana primária de uns, coincidir com a patetice-útil pró-Bush e sanha anti-ambiental de outros. Ninguém tem o exclusivo da opinião, mas os mais inteligentes do grupo deviam perder dois minutos a analisar esta convergência de interesses “muito científicos”.
Uma resposta para“Convergência científica”
Conheci superficialmente o Eng. Rui Moura, o bastante para compreender que há nele honestidade intelectual e que não é um fala-barato. Só porque alguém não concorda com a sua opinião, classifica-o como arrogante ou como tendo cegueira intelectual? O Eng. Rui Moura é licenciado em engenharia e mestrado em Climatologia. Quais são as suas credenciais nesta matéria? Porque é que devo acreditar em si e não nele?
Cumprimentos
VB
Nao sou o advogado do JRF (bem longe disso ate) mas a opiniao e partilhada “apenas” pelos climatologistas mais conceituados a nivel internacional, se isto nao chega como credenciais creio que so medindo falos se chega a melhor conclusao…
Quanto a honestidade intelectual dei a devida atencao durante uma semana ao blog… infelizmente devo ter lido em semana nao porque me escaparam todas as perolas de honestidade intelectual…
Caro VBranco, não conheço o Rui G. Moura que deve ser sem dúvida uma pessoa encantadora. Já o seu blog tresanda arrogância por todas as linhas, palavras e letras — desde a mencionada atoarda do buraco de ozono, passando pela guerra à revista Nature, a classificação dos ambientalistas como “eco-religiosos”, a sanha contra o IPCC… estou a citar de memória, vai-me desculpar não querer perder muito mais tempo nisto. Ah, como qualquer bom arrogante, considera o seu blog “modesto”.
O Eng. Rui G. Moura, com mestrado em climatologia, não fala barato, só fala caro. E com uma autoridade digna de se ler. Quanto à cegueira intelectual, referia-se aos liberais, comunistas e já agora a direita mais dura. Nem sei se o pasquim comunista publicou com autorização do autor (é irrelevante).
De resto não tem que se acreditar em mim nem um minuto. As minhas credenciais (ou “pergaminhos”, como diz o engenheiro com mestrado em climatologia) não interessam para o caso. Aliás, nesta fase já nem a ciência. Interessa-me o assunto do post — esta eloquente convergência de interesses insuspeitos –, interessa-me saber de relatórios da Casa Branca adulterados por um artista que já está na Exxon depois de denunciado, interessa-me tentarem silenciar cientistas da NASA, interessam-me sites de desinformação como o Junk Science recomendado (inspiração?) pelo João Miranda do Blasfémias ou o “CO2 fonte de vida” do Competitive Enterprise Institute… Isto também de cabeça para não perder muito tempo.
E é o que diz o Lowlander, informe-se. O Eng. Rui G. Moura é uma opinião, há tantas! Já sem falar das evidências.
Atenção que o nosso exemplo era pela NEGATIVA, não partilhamos de todo aquela posição, convidamos a uma visita nos proximos dias pois estamos a elaborar um trabalho sobre os “anti-corpos” gerados popr Al-Gore numa certa “esquerda”. E as posturas de determinados opinadores que se assumem como membros de determinado partido, mas que depois parece que são mais Papistas que o Papa…
Abraço.
[…] Um comentário de um leitor, chama a atenção para a honestidade intelectual do autor do blog Mitos Climáticos. Embora seja um site que me desgosta, visito-o regularmente para tentar equilibrar o fluxo de informação sobre o aquecimento global. O autor foi a um simpósio em Estocolmo (Global Warming-Scientific Controversies in Climate Variability). Nos posts sobre o simpósio entre muitas pérolas de honestidade intelectual: A propaganda do «global warming» tem sido extraordinariamente eficaz. […]
Eu sei que foi pela negativa. Acho que isso está bem patente no texto.
Obrigado pela visita.
Parece-me que há um equívoco na Quinta do Sargaçal. O “assunto” das “alterações climáticas” ou “aquecimento “Global”” não deveriam ser tratados no domínio desta ou daquela posição, desta ou daquela vertente política, ou se fulano é arrogante ou não. O assunto deveria estar só no âmbito científico, pois fora dele a discussão é ridícula e sem validade alguma. Ninguém é mais ambientalista do que eu e, contudo, apesar de hoje em dia dar muito financiamento, a teoria da desgraceira e da catástrofe comigo não colhe. Basta observar com atenção, por exemplo, como tem evoluído o discurso do projecto SIAM desde o seu início até agora.
De facto a memória climática e meteorológica é muito curta ou até inexistente. Os disparates ditos pela populaça, jornalistas incluídos, são grandes. Vejamos alguns exemplos:
a) ano quente, ano frio – toda a gente se lembrará do verão quente de 2003 fértil em incêndios florestais. É o aquecimento global!!!! Ninguém se lembrou que o Verão anterior (2002) foi dos mais frios do século;
b) ano seco, ano húmido – Nos anos secos vem a desgraça da desertificação. Nos anos húmidos são os extremos climáticos que têm tendência a acentuar-se. Em que ficamos? Terá a desertificação somente causas climáticas? Não me parce..;
c) as tendências (de temperatura, de precipitação) não existem. O sistema climático não “funciona” desta forma. Nada aumenta ou diminui indefinadamente. Há sempre mecanismos de compensação que são geradores de oscilações de baixa frequência que quando analisadas em períodos restritos (ás vezes de 100 anos) são confundidos com tendências. São antes ramos ascendentes ou descendentes de oscilações que existem já há milhares de anos. Os anos secos e húmidos, em particular no Sul de Portugal, estão relacionados com a variablidade quase-decenal da Oscilação do Atlântico Norte. Portanto, no futuro, continuaremos a ter a sucessão “normal” de anos secos e anos húmidos;
d) A mentira do aquecimento global só serve para desresponsabilizar políticos da má gestão do território. A desertificação, o avanço do nível do mar, por exemplo, estão relacionadas com uma gestão desastrosa do território. Se culparmos o aquecimento global por tudo isto, vão os autarcas deste país continuar a ter carta branca para construir nas dunas, para práticas agrícolas e de usodo solo nada adequadas, como por exemplo, a praga de campos de golfe que se verifica no Alentejo e no Algarve.
Dizer o que o Rui Moura diz é, hoje em dia, politicamente incorrecto. Acrescento que, do Rui Moura só lhe conheço o Blog, mas fiquei com curiosidade de lhe ler a Tese.
É muito mais bonito falar em aquecimento global e na desgraceira que se avizinha, estilo “o dia depois de amanhã” , em que até houve a coragem de repetir até à exaustão que o filme era baseado em teorias correctas!!! Foi o cúmulo da manipulação, aproveitando terioas científicas para desenvolver disparates.
Por último, Al-Gore é um político não é cientista.
Pedro Tildes Gomes
(Doutorado em climatologia)
Sem dúvida, mas o assunto não foi politizado aqui. Porventura foi politizado a partir do momento que EUA e Austrália resolveram isolar-se relativamente ao protocolo de Quioto. Daí a tudo o que é esquerda ficar do “lado do aquecimento” foi um passo; os liberais à portuguesa, ficam do lado de George W. Bush; como o Al Gore também é americano, os anti-americanos primários ficam também do “lado céptico”; e assim sucessivamente. Pessoalmente, estou do lado do ambiente, pouco me interessando uns e outros. Se tudo isto tiver alguns efeitos colaterias como melhor água e ar, por exemplo, já me darei por satisfeito.
Concordo que a discussão deveria ser essencialmente do âmbito científico, mas é tarde. Mas não concordo que fora do âmbito científico a discussão seja ridícula. Acho que depende muito dos argumentos.
Aliás se assim fosse, eu poderia falar de muito pouco e o Pedro Tildes Gomes falaria de climatologia e de uma ou outra especialização que tenha e seria tudo. Concerteza que isso não acontece.
De uma forma ou de outra, mesmo a discussão científica é realizada sem conhecimento pessoal de causa — ou seja, eu posso ler, comparar estudos, processar números, mas não realizo em primeira mão nenhum estudo. Aliás, foi assim que Bjørn Lomborg lavrou as suas teses, compilando dados daqui e dali. Ao que consta tem teses muito válidas, eu é que não concordo com nenhuma das que conheço — ainda há pouco os seus comentários ao relatório Stern enfermam do bias habitual.
a) Certo. O contrário é igualmente verdade. Tudo o que é céptico usa exactamente os mesmos mecanismos para alicerçar teses pelo menos tão dúbias.
b) Não tem e acho que é senso comum que não tem. Lembro-me por exemplo da desflorestação como uma das grandes causas.
c) Ok.
d) Não acho que seja mentira. Em qualquer versão — antropogénica via emissões de CO2 ou por causas ditas naturais (as tais oscilações).
Acho que a relação está longe de ser directa como diz. Acho um esquema demasiado elaborado e a juntar consensos demasiado improváveis para se reduzir a políticos incompetentes e má gestão do território. O planeta está a tornar-se inviável por muitas vias.
Relativamente ao politicamente incorrecto, é uma demonstração cabal de como se invertem valores nos dias de hoje. De repente, o Eng. Rui G. Moura é politicamente incorrecto, um verdadeiro Galileu dos tempos modernos. Há nem meia-dúzia de anos, quem não dizia o que ele diz, além de politicamente incorrecto era ridicularizado em qualquer fórum, dos mais prestigiados ao Blasfémias (neste caso com base em sites do calibre do Junk Science).
Idem relativamente ao financiamento. Até há bem pouco tempo, era ao contrário.
A minha interpretação é que houve uma evolução da opinião científica, em virtude da sucessão que diria avassaladora de estudos, que secundam teses com dezenas de anos, seguramente mais de 30 (vi uma referência ao CO2 como causa do aquecimento do planeta de 1932).
Mas estou sempre disposto a aprender, agradecia que me apontasse para sites onde o aquecimento global é refutado com credibilidade. O Mitos Climáticos para mim não serve.
Mais bonito do que quê? Como ambientalista, augura para a Terra que futuro brilhante? E os resultados ambientais até aqui, são satisfatórios? Sociais, idem?
É certo e sabido, até pela prática já decorrida, que não é fácil para os países cumprirem o protocolo de Quioto (que até admito que possa ser má solução, ou não ser solução). Também que se note, poderá dar votos como fenómeno muito recente nos EUA e UK, de resto não vejo grande interesse dos políticos em colar-se ao aquecimento global.
Há-de pensar em filmes de Hollywood que se desenvolvam sobre teorias científicas (várias valências) correctas. Do som no espaço, aos filmes históricos de Roma ou Segunda Grande Guerra… O do aquecimento global, por alguma razão, haveria de ser diferente…
Mais grave, e não é nenhum filme, é ter burocratas na Casa Branca a alterar relatórios científicos. Designadamente sobre o aquecimento global (ou sobre espécies em perigo, ou florestas). Quando isso acontece, fico desconfiado, mas na direcção diametralmente oposta à sua.
Eu nunca vi Al Gore apresentar-se, ou ser apresentado, como cientista. Mas o documentário é válido para despertar a opinião pública americana para um problema, que para mim é real.
Sobre Al Gore, o que vi e ouvi, é o discurso de um americano típico, com uma conversa muito “para dentro”, sempre na base de também no combate às alterações climáticas “o povo americano vai mais uma vez liderar o Mundo”, etc, etc. Por mim, que liderem à vontade. Aliás não é difícil, tal é a apatia da Europa neste e tantos outros assuntos.
Obrigado por ter passado e comentado.
Sou doutorado em física (de partículas, não em climatologia). Mas conheço geofísicos (e, mais especificamente, climatologistas) que não acham que o aquecimento global resulte apenas dos ciclos que Pedro Tilde Gomes refere. Alguns desses climatologistas integram até o projecto SIAM, que Pedro Tilde Gomes refere fugazmente no seu comentário.
Pedro Tilde Gomes entende que o aquecimento global se deve discutir apenas no âmbito estrictamente científico, mas o comentário com que participou nesta discussão (tida em termos não científicos, claro) não me pareceu muito representativo do estilo científico que defende.
Diz ele que estes assuntos “não deveriam ser tratados no domínio desta ou daquela posição” mas todo o seu discurso é o de alguém que tem uma posição muito nítida e muito vincada.
Diz ele que “A mentira do aquecimento global só serve para desresponsabilizar políticos da má gestão do território” mas macacos me mordam se é costume ouvir os que chamam a atenção para o aquecimento global a desculpar e desresponsabilizar os políticos que temos, nomeadamente no que se refere à getão que fazemos do território!
Enfim, serei só um ignorante, cheio das falsas certezas com que os ignorantes se iludem, mas (é sintomático dos ignorantes, bem sei), lido o comentário de Pedro Tilde Gomes, não fiquei nem um pouco convencido das verdadeiras certezas que o iluminam a ele.
Oh! Mas se fosse só esse.
Claro que certas atoardas depois são muito úteis para justificar toda a asneira e todos os negócios: A, B e C
Até mais.
Não sou mestrado nem doutourado em coisa alguma, mas interesso-me pelas questões ambientais, e é com muita tristeza que vejo um assunto tão importante ser encarado pela óptica das “esquerdas e direitas”.
Esqueçam lá a m**** da política e centrem-se no cerne científico da questão, isso é o que importa.