A inércia


Amanhã vou finalmente voltar ao Sargaçal e fico dois dias. Quero ver se dou um valente empurrão à plantação de árvores, que já está a ficar atrasada. Tenho grandes esperanças numa Primavera e Verão algo chuvosos, para ajudar os novos habitantes a estabelecerem-se. Nestes dias, a inércia já fez os seus estragos. Mais uma vez não tenho vontade de ir.

Por aqui, o trabalho acumula-se. Não dá para ir plantar árvores e perder um, quando posso estar no escritório a ganhar dez. Por outro lado, tenho as árvores e mesmo que fossem grátis, sei que as tenho que plantar agora — se é que pretendo dar-lhes uma hipótese mínima de sobrevivência.
É a fase da obrigação. Não é lá muito divertido. Tenho mesmo de ir. Precisamos de lenha (com este frio, quase não há), tenho de ver como anda tudo… Parte do telhado do palheiro voou com a ventania… É daquelas coisas que nos vai empurrar para tratar de restaurar e ampliar o palheiro. Ou então, seria para deixar cair…
Vamos marcar uma reunião com o arquitecto Ernesto Giménez García, que faz parte da equipa do arquitecto Filipe Oliveira Dias. Temos um primo que trabalha lá também, como técnico de Autocad. Resolvemos falar com ele, mas já tínhamos reparado que de habitação, o atelier faz pouco — é mais obra pública, subtítulo aliás de um livro recente que editaram. Assim sendo, no nosso caso, será algo realizado particularmente, fruto também de algum “downsizing” na empresa.
Pensamos em mais dois arquitectos possíveis, João Álvaro Rocha e Nuno Brandão Costa, pois gostamos muito do trabalho que vemos deles. Entre alguns constrangimentos económicos e o carácter de longo prazo que pretendemos — uma espécie de trabalho em curso –, concluimos que dificilmente teriam grande paciência para nos aturar. Como gostamos de conversar com o Ernesto a primeira vez, vamos dar-lhe uma boa oportunidade de ser criativo. Além de dores de cabeça.
Em breve tenho também de documentar o despontar das primeiras árvores que semeei. Espero que não sejam as únicas. Há uns bolores estranhos e parece-me que a maior parte das sementes está a apodrecer.

Na fotografia está uma flor de Ameixoeira, que nasceu directamente do tronco.

A tocar no iTunes: Inside do álbum “Babble” That Petrol Emotion (Classificação: 3)

Uma resposta para“A inércia”

  1. armando

    Este ano a coisa está má…
    Tb eu estou a ser obrigado a por um sistema de rega gota a gota (o que me vai custar um balurdio), senão lá se vão as árvores…
    Este inverno extremamente seco é provocado pela chamada “North Atlantic Oscillation” que se tem vindo a amplificar nas ultimas decadas…

  2. jrf

    Na maior parte dos locais onde estou a plantar árvores, a rega é inviável — ou pelo menos “overkill”. Como diria um amigo meu engenheiro florestal, “a floresta não é regada, mas se a regares nos primeiros dois anos as árvores agradecem”. Ou seja, muita desta plantação é de espécies florestais, que só espero manter vivas durante o tempo suficiente para vingarem.
    Também estou a pensar na gota a gota para os frutos. Tens alguma unidade de preço indicativo? Tipo por metro, por árvore, por aspersor…?

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