Camarinhas, Corema album (Empetraceae)

Vi este título no Amador da Natureza e é uma coincidência, pois até há poucos dias, nunca tinha ouvido falar das camarinhas. Vias pela primeira e única vez, nas dunas da Praia da Tocha. O meu sogro explicou o que eram e que “no tempo dele” se vendiam os frutos nas mercearias.
Apesar dos avisos, em jeito de pedido, volta e meia algumas pessoas saiam dos passadiços e caminhavam por cima das dunas, nomeadamente para colher camarinhas.
Belo dia, estava uma velhota, literalmente a destruir os arbustos das camarinhas. O meu sogro explodiu completamente. Começou por lhe dizer que estava a dar um belo exemplo às crianças. A velhota replicou que não fazia mal, depois tirava as camarinhas dos ramos (!). Levou logo quatro berros que até andou de lado. Pegou nos ramos destruidos e desapareceu.
Tenho uma tendência assustadora de me cruzar com tudo o que é bronco deste país. E os broncos são muitos, para tão pouco país.

Uma resposta para“Camarinhas, Corema album (Empetraceae)”

  1. Manuela

    «Levou logo quatro berros que até andou de lado. » Adorei!
    Faz-me lembrar uma pessoa que na véspera do Natal estava a colher uns ramos de um “cupressus” de uma zona ajardinada aqui perto. Quando lhe perguntei o que estava a fazer respondeu-me que nao tinha nada com isso pois aquele lugar era público!!!
    Agora quando vejo asssim “broncos” em pleno acto nem sequer faço perguntas, comento altíssimo e nao deixo tempo para respostas: é sempre a falar alto; acho que vou passar também a pegar no telemóvel e fazer como se estivesse a contactar as “autoridades” e claro fazer o meu “telefonema” aos berros.

  2. Helder Gonçalves

    Para compreender este acto de vandalismo temos de nos situar históricamente e culturalmente nos hábitos e tradições de uma região.
    Não obstante o acto por vós relatado ser de uma forma de destruição da flora de um local e um mau exemplo para as futuras gerações, não deixa de ser natural o “colher de camarinhas pelo pé” como por aqui se diz (e eu sei do que falo porque moro na Praia da Tocha à muitos anos),lógicamente que é difícil para uma “velhota” que desde criança que colhe camarinhas dessa forma e que até era tradição, compreender que tal acto possa dizimar uma espécie (e que até por ventura ajudou a proliferar nestas florestas nos anos 40 50, sim porque antes deste tempo a zona compreendida entre a Praia de Mira e Quiaios era um deserto dunar e foi feita uma florestação de “pinus pinaster” promovendo a invasão de “Corema album” por toda a região, bem mais nefasto para esta espécie é a existência e invasão da “A. Longifolia”.
    Tudo isto para dizer que é condenavel tal acto mas culturalmente compreensivel para uma pessoal desta idade…

  3. jrf

    Eu compreendo o que diz, mas questões culturais, para mim já não servem de desculpa para nadinha. Embora o caso não seja exemplo, nem tenha visto maldade na destruição, a verdade é que ando saturado de vandalismo. Seja ele qual for. Há muitas actividades justificadas “culturalmente” que já deviam ter acabado há décadas neste país. Isto das camarinhas deve ser a menos grave delas todas.
    De resto, o meu sogro era da idade da senhora e disse-lhe o que tinha a dizer.

  4. jrf

    Manuela, entretanto lembrei-me de mais uma história:
    Os meus pais têm uns amigos com um terreno bastante grande que confina com o Rio Febros, em Gaia. Junto ao rio, plantaram uma Sequoia Gigante, que já está com um bom porte. Pendurado na árvore, está um cartaz a explicar o que é aquela árvore, que vem da Califórnia e que vive 3.000 anos. Isso, e a pedir por favor para não lhe cortarem ramos, porque pelos vistos são muito populares no Natal.
    O que me faz lembrar também que esta semana partiram no Sargaçal um dos meus Acer pseudoplatanus.
    É no público e no privado. Não se pode ganhar.

  5. carlos Salgueiro

    Camarinhas … Há quanto tempo as não como ( talvez há mais de 55 anos). Que saudades que tenho e que boas que eram, nas dunas de São Jacinto frente ao MAR. Ainda hoje sinto o gosto peculiar das mesmas. Tenho de voltar a S. Jacinto para me diliciar novamente. Talvez em breve. Não posso morrer sem voltar a comer “mãozadas” de camarinhas…
    Apenas não sei qual o tempo em que aquelas pequenas “pérolas” estão boas para comer – Será no verão??.

    Um abraço

    carlos Salgueiro

  6. manuel marques

    como tive oportunidade de ver voce nao tem a certesa quando se colhe as camarinhas.
    informo-o que e em agosto e setembro.

  7. Arlindo Almeida

    Gostava de saber onde poderei arranjar algumas plantas de camarinha (pequenos vasos)
    Obrigado

Deixe um comentário

Mantenha-se no tópico, seja simpático e escreva em português correcto. É permitido algum HTML básico. O seu e-mail não será publicado.

Subscreva este feed de comentários via RSS

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.