Depois da bonança, quase a tempestade

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Quinta-feira, nunca iria ser grande dia de trabalho. Só cheguei ao Sargaçal de tarde, embora cedo. Fui comprar uniões de 1″1/4 e calda bordalesa. Depois foi ao Rabelo almoçar com o Dr. Jorge Ventura. Acabamos por combinar ir à sua Quinta do Carvalhal, em Boassas, ao fim da tarde. Iriam ser menos umas duas horitas de trabalho, mas paciência.<br />
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Claro que o Cláudio não apareceu de manhã. Começamos por revirar pilhas de composto. Duas do ano passado, estão só agora a ficar prontas. Que cheirinho e que textura magnífica. Excelente. Está exactamente como aparece nos livros.
Depois plantar os dois pinheiros em falta, queimar o que sobrou… Já que ali estava na Travessinha, o ritmo super-lento e o rapaz literalmente a arrastar-se como se me tivesse a fazer um favor bestial, resolvi não me dispersar muito. Estavam pelo menos três oliveiras secas e uma cerejeira de porte considerável, que já agora podiam ser cortadas.
Lá foi ele buscar a moto-serra, na maior lentidão possível, enquanto eu cavei à volta de uma laranjeira caquética que por lá vegeta. Coloquei composto e cinza com fartura a ver se arrebita, senão para o ano também irá para lenha.
Avisei o Cláudio que tinha que cortar em cunha para dirigir a cerejeira, muito grande, para o lado certo, senão ia-me partir um castanheiro e talvez outra cerejeira mais à frente. Reclamações, mais reclamações. Avisei outra vez e já rispidamente disse que depois não me ia adiantar chatear-me, com as árvores partidas, sem recuperação. Pois bem, não só conseguiu partir o castanheiro de cima a baixo, como a outra cerejeira também.
E assim se acabou a conversa. Radicalmente. O que não disse, disse tudo. Mais que suficiente e ainda bem que não abri a boca. Acabou o dia para lá a cortar os troncos para lenha e eu reguei os pinheiros e finalizei a fogueira. De saída, naquele jeito de adolescente insolente, diz-me quer não sabia se iria Sexta de manhã. — Caro amigo, mais vale ficares em casa todo o dia. E espero que assim seja, a ver se a coisa não azeda muito. Assim prefiro andar sozinho.
Apesar de uma temperatura amena, foi dos dias que apanhei mais frio, porque a ventania era demais, o que não é costume. Fui rapidamente para a Quinta do Carvalhal onde demos uma volta. Muito agradável e de vistas estamos conversados. Só me queixo das casas, casinhas e casões por tudo o que é encosta e horizonte, sem harmonia nenhuma, mas quanto a isso, é o que há. Gosto muito de dar umas voltas nos terrenos, ver como são, os muros, as vedações, as árvores, como tudo se organiza.
À noite fui ao tradicional jantar das quintas, na associação. Não sem antes ter andado a nadar no quarto de banho (fiquei na Casa de Montemuro), porque abri a torneira e a pressão inclinou o chuveiro para a parede e de lá para o chão. Quando reparei tinha um lago. Claro que cheguei atrasado. A conversa como é costume, foi principalmente com o senhor Segadães e o senhor Franklim. Gosto bastante destas quintas à noite.

Uma resposta para“Depois da bonança, quase a tempestade”

  1. carla afonso

    Cuidado com a poda das cerejeiras no inverno. aprendi na semana passada que há árvores que só aceitam ser cortadas numa altura em que não se molhem tanto, ou se sim, sequem logo. Cerejeiras e dióspireiros. Correm o risco de apodrecer sem remédio, devido às propriedades moles da sua madeira.
    Este saber é meramente teórico. Vendo o peixe ao preço a que o comprei. Não tenho nem uma nem outra, mas custa-me sempre ver uma árvore morta.

  2. jrf

    As cerejeiras podam-se depois da frutificação, nunca no Inverno. E querem pouca poda depois de estabelecidas.

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