Afinal foi falso alarme

Nevou em Lisboa. E no Algarve ao que parece. O alvoroço é grande. Principalmente para os lados daqueles que a) não se acreditam que o aquecimento global é uma realidade; b) e muito menos que seja provocado pelo Homem.
Segundo esses grandes especialistas, nevar, é mais uma prova do ridículo das teorias do aquecimento global. Uma amiga diz-me que no “blog de referência“, o assunto teve logo direito a três textos brilhantes. Outro que fala de mitos e outras lendas, publicou imediatamente a fig. 38, uma muito científica fotografia de satélite com um título que diz tudo: “Neva em Lisboa”.

Aliás este último também deve auto-considerar-se “referência”, só não percebo de quê. O autor Rui G. Moura, fala de forma arrogante e autoritária, como qualquer Homem que se preze. Fala em “fraudes anti-científicas”, “conceitos espúrios”, compara a climatologia moderna aos “conceitos arcaicos da física medieval”. No mesmo post ainda tem fôlego para arrasar tudo que é instituição que contrarie as suas próprias teorias, para referir “o lamentável representante de Portugal no IPCC”, terminando lapidarmente clamando por “honestidade intelectual e científica”. Ainda bem que nevou pouco, senão este senhor marchava sobre o IPCC, literalmente.
Já sigo este blog há uns tempos e nunca lá li nada que jeito tenha, quem o escreve, gosta fundamentalmente de se ler, embora dispare com um “a modéstia nunca fez mal a ninguém”, relativamente ao IPCC. Quanto à climatologia, é despachada como “pseudociência” com a menor das brevidades.
Os “warmers” como lhes chama o “modesto” autor, ficaram com o ónus da prova porque ousaram ir contra o status quo e começaram a questionar uma série de dados adquiridos da civilização construida com base no petróleo barato, não olhando a meios, nem a fins, nas suas consequências. Mas a verdade é que os raros que por um lado, ainda negam o aquecimento global (que parece ser o caso do senhor Rui G. Moura) e os que ainda negam a sua origem antropogénica, com todo o jargão do Mundo e toda a junk science de que fazem uso, não provam nada. De nada.
Independentemente disso, transcendendo a ciência, quando de um lado vemos os tenebrosos 3000 cientistas do IPCC (no Mitos-Climáticos com direito a um post intitulado “O Mito dos 3000 cientistas“) e do outro a inefável Exxon-Mobil, as dúvidas para mim começam a ser poucas.
Neste momento, o Mitos-Climáticos vale essencialmente pelo eventual arrastar pela lama do esgoto arcaico medieval pseudocientífico, da prestigiada revista Nature. Já existiu uma primeira tentativa no post “Aquecimento Global Ridículo” onde se berrou que com um “artigo cómico-científico”, “se perdeu toda a noção do ridículo” e a “credibilidade da revista ficou manchada”.
Entretanto, parece que a operação correu mal e num lacónico “Mitos Climáticos errou“, o autor reconhece “humildemente” que — “o conditional “would” salva a honra da revista neste caso pelo que a alegada falta de credibilidade da revista Nature não foi agora manchada como tinha sido afirmado incorrectamente”.
Como o aquecimento global é de origem antropogénica e veio para ficar, a qualquer momento podemos assistir no valoroso blog ao “manchar da honra” da Nature e ainda a denúncia com estrondo, da sua reiterada “falta de credibilidade”.
E enquanto este senhor se entretem a classificar tudo e todos com coloridos adjectivos, a BBC, o New York Times (ver também o Real Climate) e o Washington Post, só para citar três, lançam para a atmosfera mais uma série de notícias preocupantes. Talvez não seja falso alarme.

Uma resposta para“Afinal foi falso alarme”

  1. José Rui Fernandes

    Porque haveria de fazer isso? Até tentei, mas é difícil quando logo nas primeiras linhas existe uma mentira de tão crassa, chega a ser infantil:

    Interestingly, many “facts and figures’ regarding global warming completely ignore the powerful effects of water vapor in the greenhouse system, carelessly (perhaps, deliberately) overstating human impacts as much as 20-fold.

    Onde estão esses credíveis “facts and figures”?
    Até neste nosso pequeno site se fala do vapor de água.

    Não há um único estudo sobre aquecimento global que ignore o vapor de água. Se sabe que há, rogo-lhe que coloque aqui o link. Aliás, o Real Climate tem uma curta explicação que já data de 2004 e uma boa discussão sobre o assunto de… 2005. Esse site sim, devia aconselhar a ler.
    A única coisa que pode contestar é a contribuição do vapor de água para o aquecimento global que o site aconselhado coloca nuns muito respeitáveis 95%, sendo desses 99,9% de origem natural.

    A táctica é sempre a mesma e um pouco cansativa, se me permite. Mandam-se uma tiradas muito científicas e a teoria da conspiração logo a seguir. O que ainda ninguém me explicou, e este site já fala de aquecimento global há quatro ou cinco anos, é quem está a orquestrar a conspiração. Como é que uns ambientalistazecos e umas indústrias emergentes de energias alternativas, orquestram uma conspiração global contra, por exemplo, as petrolíferas que do seu lado (e atrás e à frente) têm por exemplo o presidente dos US of A.

  2. humano

    concordo com rui g moura quando diz que há uma grande farsa por detras do aquecimento global…

    contra factos n há argumentos..
    e o sr rui g moura apresentou-os arrogantemente ou nao …estão lá.

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