O regresso do exterminador

A biotecnologia “terminator”, modifica geneticamente as plantas de modo a que a maior parte das sementes que produz, mas não todas, sejam estéreis. Se permitirem a existência desta técnica, a recolha de sementes ficará ameaçada, os agricultores e os amadores da natureza, terão de comprar sementes novas todos os anos.
A maior parte dos países, rejeitaram o “terminator” há cinco anos, declarando que iria aumentar o monopólio do agronegócio. Agora, alguns países amigos da indústria genética (EUA, Canadá, Nova Zelândia e Austrália) estão a relançar o “terminator”, com uma nova imagem, dizendo tratar-se de “biosegurança”, para possibilitar a co-existência com as culturas geneticamente modificadas, teoricamente inviabilizando o cruzamento com outras culturas. Esses governos querem banir a moratória, já no próximo mês, no Brasil.
Está a decorrer uma campanha para impedir que isso aconteça, no site banterminator.org. As associações ambientalistas, de agricultores, igrejas, comunidades…, podem juntar-se à campanha, preenchendo um formulário.

Uma resposta para“O regresso do exterminador”

  1. Lowlander

    Oh jrf, voce e um lirico… diz que a biotecnologia e perigosa pela possibilidade de transferencia de genes para outros organismos e depois adere a uma iniciativa destas para tentar banir uma importante medida de controlo desse problema porque… porque mesmo? Ah! Sim! Esta preocupado com os monopolios…
    (piada) Mentes mais perversas insinuariam que o verdadeiro objectivo desta iniciativa e manter o argumento da inseguranca de pe…

  2. jrf

    Caro Lowlander, já todos reparamos que gosta de comprar os problemas e soluções na mesma prateleira do supermercado.
    O que eu digo é que a biotecnologia é perigosa. A Monsanto a e Syngenta são empresas perigosas, ao nível da Exxon, sem pingo de ética.
    Sabe que agora a grande solução para o aquecimento global, são as centrais nucleares. A solução para a manipulação genética, é mais manipulação genética… Ah, mas isso é natural, tal como os gases de efeito de estufa…

  3. Lowlander

    Caro jrf,

    Nao precisa de se repetir, o que voce quer dizer ja eu percebi ha muito. O problema e tentar descobrir a dimensao onde o que escreve constitui uma realidade… :)

    Se as solucoes vem de prateleiras ou cartolas sao tergiversacoes que deixo para hipocondriacos como o jrf. A mim, e a grande maioria da humanidade felizmente, importa muito mais a eficacia… Imagine o jrf o descaramento desta gente que para algumas complicoes pos-cirurgicas so se resolvem com mais cirurgia e boa parte dos efeitos secundarios (quando presentes) dos farmacos sao combatidos com outros farmacos! Vitimas de acidentes de automovel sao salvas com a rapidez das ambulancias (automoveis) e o atleta olimpico que ficou em segundo lugar ha 4 anos so conseguira o ouro (legalmente) praticando duramente a modalidade olimpica que tantas frustracoes lhe deu…

  4. jrf

    Excelentes exemplos. Como se a manipulação genética fosse uma fatalidade e/ou trouxesse algum valor acrescentado à alimentação ou à humanidade.
    Por mim, enquanto puder, vou continuar a comer cada vez mais orgânico e de preferência produzido por mim. Quando for obrigado a comer transgénicos, por via de empresas sem escrúpulos e decisões políticas erradas, é como dizia o outro — todos temos que morrer de alguma coisa.
    Quanto à sua eficácia e à da maioria da humanidade, é realmente algo que nos pode deixar a todos inchados de orgulho: O planeta está praticamente maduro.
    Hipocondríaco também é outra “way off”, meu caro. Tem sérias dificuldades em acertar no alvo.
    Uma sugestão: porque não cria o seu próprio blog? Digamos o mitos-geneticos.blogspot.com?

  5. Gabriela

    Na minha óptica, quando se mexe na natureza é preciso precaucao. Se já é assim ao nivel macroscopico, mais o é no micro. O que mais há sao exemplos de experiencias ecologicas que comecadas com boas intencoes acabam por ser uma cadeia de remendos, um a tentar tapar o buraco do anterior, até que já pouco existe do que se quis proteger. Se quiser leia sobre Yellowstone, por exemplo. Continua a ser um local vibrante, mas fizeram-se muitas asneiras irremediáveis.

    Lowlander, o seu exemplo na área da medicina é certeiro, pois um caso que todos estamos a par é como o uso indescriminado e irresponsavel de antibióticos nos está a tornar cada vez mais sensiveis a infeccoes bacterianas. Os antibioticos sao cada vez mais fortes e as bacterias tambem até nao sei quando…

    Sabendo de exemplos em que o ser humano mexe no que nao conhece ou conhece mal e qual o resultado; sabendo que quem mexe quer só ganhar dinheiro, eu devo dizer-lhe que compartilho o instinto de precaucao e preocupacao do jrf.

  6. Lowlander

    jrf

    “Como se a manipulação genética fosse uma fatalidade e/ou trouxesse algum valor acrescentado à alimentação ou à humanidade.”

    “Quanto à sua eficácia e à da maioria da humanidade, é realmente algo que nos pode deixar a todos inchados de orgulho: O planeta está praticamente maduro.”

    Respeitosamente discordo de si totalmente. No outro post das ovelhas ja lhe expliquei dai que nao chovo no molhado.

    -“-

    Obrigadissimo pela sugestao, um verdadeiro valor acrescentado a discussao… um pequeno reparo apenas, o nome do meu blog seria obviamente EU GENIO! Fico desapontado que nao se tenha lembrado disso…

  7. Lowlander

    Cara Gabriela,

    Agir com precaucao e uma coisa. Excluir a partida linhas de raciocinio e desenvolvimento cientifico devido a dogmas e algo saido directamente das catacumbas da Idade Media…

    “pois um caso que todos estamos a par é como o uso indescriminado e irresponsavel de antibióticos nos está a tornar cada vez mais sensiveis a infeccoes bacterianas”

    1 – Esta proposicao nao e totalmente correcta, continuamos tao sensiveis como antes as bacterias, estas e que estao a desenvolver mecanismos para ultrapassar a nossa “bala magica”
    2 – Tampouco e correcta a proposicao seguinte: os antibioticos nao sao cada vez mais fortes, sao moleculas diferentes que actuam todos de acordo com mecanismos bactericidas bem conhecidos e estudados.
    3 – Espero que com isto nao esteja a sugerir que se deveria banir a producao de antibioticos, ou a investigacao nessa area, ou que estes nao sao essenciais a sociedade em que vive ou que nao trazem valor acrescentado nenhum…

  8. Gabriela

    Nao, eu nao estou a sugerir que nao se usem antibioticos ou a banir investigacao no que quer que seja. Eu estou a sugerir um uso responsavel dos descobrimentos fora dos laboratorios.

    Com o uso irresponsavel dos antibioticos seleccionam-se as bacterias mais capazes, pelo que estamos a criar estirpes mais fortes na sua capacidade de nos infectar. As bacterias de hoje sao diferentes das bacterias do antes antibioticos. O Homem como especie nao criou por si um sistema imunitário melhor para fazer face a estas novas bactérias, pelo que estamos mais indefesos. O que nos vale é o novo armamento (as tais moleculas diferentes). Se um dia nao conseguirmos descobrir umas moleculas diferentes que sejam eficazes contra estas bacterias, acha mesmo que os nossos corpos estao preparados para as enfrentar por si?

  9. Lowlander

    “Se um dia nao conseguirmos descobrir umas moleculas diferentes que sejam eficazes contra estas bacterias, acha mesmo que os nossos corpos estao preparados para as enfrentar por si?”

    Nao, nao acho. Mas o que e que a faz pensar que antes dos antibioticos os nossos organismos eram mais resistentes as bacterias?
    Repare que continuamos todos expostos as bacterias tal como antes! Esse hipotetico enfraquecimento do sistema imunitario so se daria com uma total exclusao de um patogeno do seu ambiente, olhe por exemplo, como os nativos das americas que nunca haviam sido expostos ao virus da variola e que com a chegada dos Europeus viram as suas populacoes reduzidas em 90%. Isso nao e de todo o que se passa actualmente! Os antibioticos funcionam como uma ajuda ao seu sistema imunitario melhorando as suas possibilidades de sobrevivencia a uma infeccao. O uso dos antibioticos leva a seleccao de estirpes resistentes aos antibioticos, a sua infectividade permanece rigorosamente a mesma.

  10. Lowlander,
    se quiser ser simplista, que acho que quer ser, a única coisa que o homem conseguiu fazer durante muito tempo com alguma regra, mas que actualmente desregrado estará no caminho de ser vítima disso mesmo, é de ter substituído a selecção natural pela selecção do eu (eu=humanidade, a qualquer custo e com o maior lucro possível). A selecção do eu está a ser feita à custa do planeta e de todos os seus recursos e seres. Mas não há problema porque no mundo consumista de hoje, só interessa o presente, a ciência é um facto consumado que como se tem visto nos últimos tempos, e por múltiplos escândalos, quase não precisa de ser testado ou comprovado, desde que dê lucro, fama e glória, e se de imediato ainda melhor. Se eventualmente o pior acontecer, e os remendos tiverem de ser feitos, melhor: mais lucro virá dos novos desenvolvimentos efectuados e disponibilizados.
    O mais engraçado e lírico é que nesta corrida louca do “eu” até acabamos por ser batidos por simples bactérias que nos passam a perna cada vez mais…
    Criamos e sustentamos um ciclo vicioso, só isso, mas cuja sustentabilidade tem limites e tem consequências.
    Quanto aos ciclos naturais, ainda bem que há uns inteligentes que vão criando uns bancos de genes e sementes e do que quer que seja que ainda seja minimamente natural neste planeta. Pode ser que ainda venham a dar jeito quando novamente voltar à moda, e se pensar, nas gerações futuras depois de isso ter sido substituído rapidamente nos dias que correm pelo simples e egoísta aqui e agora, e com o máximo de lucro posível, e o resto que se lixe.

  11. jrf

    Parece que agora quem vive nas catacumbas da idade média, não pode entrar nos EUA. O Jose Bové, ficou à porta porque ia dar uma palestra sobre a luta contra a Monsanto na Europa.
    Independentemente de toda a ciência (ou falta dela) que o Lowlander resolve lavrar cada vez que se fala de transgénicos, este é daqueles típicos sinais que deveriam levantar as bandeiras de alarme em toda a gente que se interessa por estes assuntos. Será tudo assim tão linear no negócio dos transgénicos e da manipulação genética? Visto daqui não parece.
    Voltando ao início, esta tecnologia foi primeiro comercializada com o intuito de vender sementes todos os anos; tendo sido banida, os génios do marketing da Monsanto dizem que se entendeu tudo mal, a tecnologia é uma segurança relativamente à contaminação de solos e outras culturas; e ainda há quem não se questione. Por exemplo, porque há-de ser necessária essa segurança. Se as sementes “não terminadas” podem efectivamente contribuir para a esterilização das sementes das culturas normais. Em resumo, todo um mundo de questões, que à Monsanto, pouco ou nada interessa responder, até porque o principal não sabem.

  12. Lowlander

    Caros jrf e Ze,

    Lamentavelmente a minha vida subitamente acelerou e nao tenho o minimo tempo para vos responder de forma mais adequada (piada: o que confio vos deixa de sobremaneira tristes)… estou no processo de procurar uma casa nova paga com dinheiro sujo de sangue de uma multinacional agro-alimentar pelo que nas proximas semanas so terei mesmo tempo de dar espretadelas na blogosfera aqui ou ali, alegrem-se, pelo menos certamente aqui.
    Deixo umas achegas…

    Ze: eu serei um simplista mas voce insiste em complicar o que e simples… voce ainda tem de me explicar que tipo de seleccao para alem da seleccao do “eu” (para usar as suas palavras) andam o resto das especies na natireza a fazer…

    JRF: curioso que o jrf e tao rapido a seguir tortuosas e nao lineares linhas de pensamente para a Monsanto e nao e capaz de muito linearmente se questionar se as caldas feitas de urtigas que usa no seu quintal terao uma dose toxica para o consumidor final…
    Independetemente disso, um facto permanece, eu nao me oponho a investigacao e a criacao de uma industria de agricultura biologica, desde que os custos se revelem superiores aos beneficios. O jrf parece que se arrepia com a palavras derivadas de gene…

  13. jrf

    curioso que o jrf e tao rapido a seguir tortuosas e nao lineares linhas de pensamente para a Monsanto e nao e capaz de muito linearmente se questionar se as caldas feitas de urtigas que usa no seu quintal terao uma dose toxica para o consumidor final…
    Comparar-me à Monsanto (é isso não é?) não deixa de ser curioso. Essa conclusão foi lavrada com base em quê concretamente? A relação entre uma coisa e outra é que tinha interesse ver explicada.
    E já agora, onde está a linha tortuosa? Mais uma vez é a mesma que uso no caso do aquecimento global. Ainda há bem pouco tivemos mais um episódio na NASA com um lacaio do presidente Bush. Quando acontece relativamente à biotecnologia, tudo é natural, não lhe levanta qualquer dúvida ou questão. Bush e países amigos, só defendem os interesses das populações e do Mundo em geral.
    eu nao me oponho a investigacao e a criacao de uma industria de agricultura biologica
    Já estamos todos mais sossegados — mas ninguém necessitava dessa sua autorização. O que gostavamos de saber era dos problemas que os transgénicos já resolveram e quais os que irão resolver no futuro. E já agora, que problemas criaram e quais os que eventualmente irão criar no futuro.
    O jrf parece que se arrepia com a palavras derivadas de gene…
    Olhe que não

    Por fim, metendo a colherada na conversa do Zé,
    que tipo de seleccao para alem da seleccao do “eu” (para usar as suas palavras) andam o resto das especies na natireza a fazer…
    Andam a extinguir-se, por selecção não natural, não é isso? Desde as variedades de cenouras, passando pelas baleias, lince ibérico, lobos, ursos, bacalhau e sardinhas… Anda tudo demasiado ocupado a extinguir-se. Ainda não tinha reparado?
    Há um filme, A Invasão dos Tomates Assassinos, que mostra uma visão aterradora do futuro e que se calhar alimentou os seus medos de um dia a espécie deixar de ser dominante, mas para já, a humanidade (e o digníssimo Lowlander) pode estar sossegada, os tomates estão sob controlo.

  14. Lowlander, para além de eventualmente não estar atento ao óbvio e ao dia a dia do se passa globalmente neste planeta, mas ok, compreendo que as pessoas têm as suas proprias vidas e elas tenham de ser vividas, com maior ou menor atenção ao que se passa além do nós e para além do nosso umbigo, concerteza escapou-lhe há uns tempos atrás variados e diversos artigos que começaram a sair nas mais reputadas revistas e jornais científicos mundiais sobre um mesmo assunto: como a “selecção natural” deixou de o ser e passou a ser a “selecção humana”. Se não me engano o JRF publicou os links por aqui, e infelizmente até eu ando demasiado ocupado para fazer uma busca, mas depois poderei tentar fazer isso. De resto isto foi uma pequena “achega” à colherada que o JRF meteu na “minha” conversa, que não sendo uma colherada foi um tiro certeiro no alvo e no assunto.

    De resto, já que aposto que nos deve julgar uns alucinados quaisquer, ou pelo menos no meu caso, até lhe vou dar um motivo para de facto julgar isso, mas com um pequeno “twist”. Não sei se gosta de banda desenhada, mas se gostar deverá saber que cada vez mais o que se pode ler em alguns títulos reflecte muito bem o que é o presente ou o que se pode desenhar com bastante veracidade num futuro próximo. Os autores têm uma capacidade incrível de se aperceberem da realidade e de darem as suas tiradas certeiras sobre variados assuntos. Mas isso desde há muito se comprova com os visionários autores da Ficção Científica como Asimov ou Clark. Já sei que me vai acusar de fantasista, mas só não vê quem não quer e quem não pensa um bocadinho no assunto. Consequentemente vou-lhe aconselhar um título “fantasista”, que para mim tem algo de presente e visionário, que aborda assuntos muito pertinentes e actuais por mais “fantasista” que de facto seja: “Eden: It’s an Endless World!” da Dark Horse Comics.

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