Visitando uma loja tradicional de sementes

Continuando com este Diário e escrita a encomenda, não foi possível evitar ir colocar o envelope com a mesma no correio, que o comodismo não pode ser extremo. E lá fui, aproveitando que tinha uma reunião profissional mais tarde. Tanto fui, que assim que deixei o envelope na estação de correios me veio à cabeça, derivado de todo este entusiasmo inicial, a ideia de resistir a uma visita à secção de jardinagem de uma qualquer grande superfície, em busca do que semear, e… “Porque não visitar uma loja tradicional relacionada com o assunto?”. Existindo várias na Rua Mouzinho da Silveira, para onde me dirigi, acabei por ir mesmo à “A Sementeira”, casa secular que vai resistindo ao tempo e tempos…

Presumo que tenha parecido um “turista”, alguém completamente fora do meio, entre algumas senhoras que procuravam bolbos e sementes para os seus jardins e algum raro agricultor resistente que procurava algo para as suas culturas. Eu por mim dispensei o atendimento personalizado e fui distraindo o olhar pelo que que via, mas mais que o olhar fui distraindo as mãos pelos envelopes cheios de sementes distribuídos por armários e “cabides”. Desta minha visita, virando-me primeiro para a direita mal entrei, encontrei uma selecção de sementes de agricultura biológica, infelizmente de origem Italiana. Entusiasmado, e meio ao acaso, trouxe manjericão (asneira minha porque já virá também com a encomenda), chicória, alface e espinafre. Será que conseguirei cultivar isto tudo? Veremos, mas promete ser divertido, especialmente se eu já tiver feito asneira na conciliação do espaço/condições/cultura/espécie. Acabei entretanto por me virar para a esquerda quando umas senhoras abriram um armário envidraçado e um aroma intenso de ervas aromáticas me chamou a atenção. Não sendo sementes provenientes de culturas biológicas, mas novamente dos mesmos produtores Italianos trouxe dessa secção alfazema, anis verde, hortelã e oregãos. Infelizmente esqueci-me do rosmaninho, ou alecrim, que tanto queria. E quando fui a pagar não me foi possível trazer, por não haver, algo que terei muito gosto em experimentar cultivar escapando só às “ervas”, “folhosas” e aos morangos: tomates, daqueles pequeninos. Vá lá que resisti a trazer sementes de melancia, coisa que não me importava nada de cultivar para depois comer. Saí satisfeito, impulsionei um pouco o comércio tradicional, e esta visita foi mais uma novidade para mim, trazendo ainda como bónus uns folhetos com a marcação das sementeiras e um catálogo de bolbos de flores. Ironicamente também pensei que calhou bem, sendo eu apreciador das famosas massas italianas, ter trazido as sementes que me darão alguns dos condimentos para elas, provenientes de produtores italianos… Entretanto quanto à minha reunião? Atrasei-me claro, ainda para mais com o trânsito, mas não tanto que ainda houvesse quem se atrasasse mais que eu, o que quer dizer que cheguei a tempo… algo que, se não me engano, é, ou vai sendo algo, tipicamente Português. Enfim, uma tarde em cheio.

Uma resposta para“Visitando uma loja tradicional de sementes”

  1. susana

    Penso que sei quais são as sementes “italianas” de que está a falar. Se são as mesmas, são produzidas e embaladas pela Alípio Dias para o tal cliente italiano. Sementes portuguesas, portanto.*:)

  2. Olá Susana,

    por um lado fico contente pela informação que me dá, por outro triste. Contente por semear “Português” e espero que o que seja Português seja bom ou muito bom. Assim fica mesmo uma cultura Portuguesa e isso agrada-me muito. Por outro lado entristece-me que se venda Português através de marcas estrangeiras… se é nosso, se é bom, não teria saída se fosse marca Portuguesa? Enfim, algo em que pensar…
    Entretanto agradeço a informação do outro site, mas sabendo agora que as sementes são Portuguesas, dispenso as Italianas e prefiro investir em produto nativo… ;)

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