O relatório Stern +
O Reino Unido quer outro tratado para as alterações climáticas
No Financial Times. Já é resultado do relatório Stern e as notícias multiplicam-se sobre o assunto. Blair é conhecido e elogiado por ser um pragmático, mas claro que se pode sempre interpretar os factos à la junk science, que é o que faz o discípulo português desse prestigiado site na sua desmiolada fuga para a frente.
Relatório Stern na íntegra
O discípulo, lamuriou-se que as notícias sobre o relatório de 600 páginas são todas iguais e destinam-se a esconder as suas debilidades. Obviamente que o discípulo leu o relatório… do junk science.
Na página que indico há vários documentos, além do relatório integral, todos susceptíveis de produzirem notícias. Muito interessantes os comentários de vários prémios Nobel de economia.
O dia que mudou o clima
No The Independent.
Casa Branca reage ao relatório britânico sobre o clima
International Herald Tribune. Outro artigo, no Telegraph, com muitas informações interessantes, designadamente que os EUA gastam menos hoje em pesquisa e desenvolvimento de energias alternativas, do que em 1979.
Relatório Stern não convence os cépticos
“Alarmista e incompetente” é assim que o despacham. Estou admirado. Na Reuters. E Bjorn Lomborg também tem algo a dizer, tipo, o mesmo de sempre.
E mais quase mil notícias sobre o assunto
No Google News.
Uma resposta para“O relatório Stern +”
Resistência à mudança que mais tarde ou mais cedo é , ou tem de ser, inevitável
[…] Uma vez mais o “blog de referência”… Quando foi divulgado o relatório Stern, dizia-se no Blasfémias dia 31 de Outubro: “É impressionante a quantidade de gente que já leu e já comentou o relatório Stern sobre o impacto económico das alterações climáticas”. E continua, esclarecendo os leitores que as notícias que sairam foram “meticulosamente escolhidas para ocultarem as debilidades do relatório”. Ora bem. Vindo de quem também não leu a obra, foi uma boa tentativa de desvalorizar o seu conteúdo, com base em elegadas inépcias dos jornalistas. O autor, que não gosta de frases vazias e só lavra com frases cheias, estabelece uma relação entre o volume do relatório (600 páginas) e a rapidez de propagação das noticias. Já no dia 4 de Novembro, as opiniões de Richard Tol, têm muita credibilidade, não usam “expressões ambíguas” e “frases sem sentido”, isto apesar de publicadas nos mesmos jornais, pelos mesmos jornalistas e exactamente ao mesmo tempo. Notícias sobre as opinições de Richard Tol ou Lomborg, sobre o tal relatório de 600 páginas, foram divulgadas no dia 31 de Outubro. Aliás, já no dia 30 de Outubro circulavam notícias onde figuravam opiniões divergentes (Scientific American, também na Nature um pouco depois). Note-se que Sir Nicholas Stern é considerado um neutro e de forma alguma suspeito de ser ambientalista, condição necessária e suficiente para ser condenado no Blasfémias. Já Richard Tol, parece igualmente insuspeito e tem um curriculum a sério e neste blogue esclarece uma série de questões nos comentários. Outros que menorizaram a importância do relatório foram a administração americana e a OPEC (um autêntico choque). Ah, as belezas da fuga para a frente! Eu bem dizia que ia ser lindo de se ver. Tem a sua piada, mas de qualquer modo não se pode conversar com gente assim, intelectualmente desonesta até à medula. […]
[…] Miguel Castelo-Branco, escreve no Combustões, um interessante texto a propósito de uma entrevista a Jared Diamond na revista l’Histoire. Tem logo à partida o mérito de me lembrar que é um dos autores que quero ler em breve, mas para o qual me tem faltado o essencial (tempo). No fim, acabo por discordar. Não é necessário ser sumidade ou “sumidade”, para saber que as navegações no Mar Mediterrânico foram feitas à conta do emblemático Cedro-do-líbano e incontáveis outras árvores, que a Inglaterra construiu a sua armada e o próprio país com carvalho de boa qualidade e que hoje as ilhas britânicas não têm 1cm2 de terra que não seja obra do Homem. Tal como a Europa. A América do Norte tem ainda 6% da sua floresta original, mas tem de se notar a escala temporal em que estas transformações ocorreram. Para começar. Isto a par de outros exemplos, conhecidos ou menos conhecidos, com que Miguel Castelo-Branco ilustra a falsidade de muitos suspirarem pelas sociedades tradicionais e o seu exemplar relacionamento com a natureza. Tem razão, salvo em povos, como direi, muito primitivos aos nossos olhos, tenho encontrado muito poucas indicações que assim tenha sido — Celtas, tribos norte-americanas, sul-americanas, africanas… Parece ser um indicador seguro que desenvolvimento e ecologia, são conceitos bastante incompatíveis. O que faltou a esses povos foi eventualmenta a moto-serra. À pergunta “saberão essas sumidades que as sociedades polinésias morreram por efeito da destruição dos recursos, numa escala proporcional bem mais devastadora que as maiores depredações causadas pelas sociedades industrializadas contemporâneas?”, apesar de não ser sumidade, respondo que não sabia, mas tenho enormes dúvidas quanto à justeza da escala proporcional apresentada. Aliás, tenho praticamente a certeza que é incomparável o que se passa hoje, em escala, com tudo o que nos precedeu na história conhecida. E a rapidez. Quando se refere que é o capitalismo que melhores antídotos consegue reunir para contrariar a erosão dos recursos naturais, fica por dizer mais que outro tanto. É o capitalismo que mais promove a delapidação dos recursos naturais. Não consigo imaginar ninguém melhor que a “sociedade capitalista” para assumir as suas responsabilidades e para reunir os tais “antídotos”, que de resto nunca ninguém viu a não ser pontualmente e sem grandes consequências. Muitos dos críticos do relatório Stern, também falam do “factor humano”, do “génio humano”, que não é tido em conta nas previsões menos brilhantes do futuro da Terra. Por outras palavras, por acções negativas “x”, existirão avanços tecnológicos, científicos, políticos e até no consumo, que se traduzirão em acções positivas “y”. Só gostava de saber com base em quê, que indicadores há, que o que passou essencialmente nos últimos 100 anos será contrariado. De volta à inevitável escala temporal. 100 anos, não mais. O que não existe, e tem sido incontornável, é uma alternativa ao capitalismo. Os ambientalistas, sejam admiradores do industrialismo soviético, ou outros, não a têm e não a terão nos próximos tempos. Isso por si só não lhes retira a razão na grande maioria dos temas que tratam. Blogues do calibre do “Blasfémias” ou “O Insurgente”, ou pasquins como o “Resistir.info”, em nada contribuem para lhes retirar credibilidade. Neste, como em tantos outros assuntos, os ignorantes são os mais ousados e têm orgulho nisso. Aliás, idealismo por idealismo, tem tanta credibilidade “a aliança entre o mercado, o consumo, a ciência e a tecnologia, às quais se associam os direitos de cidadania – pressão política, debate livre e discussão – são os únicos com capacidade para operar políticas ambientais progressivas, isto é, sem recuo civilizacional”, como eu dizer por exemplo, que a economia não necessita de crescer mais e que o objectivo agora são sociedades de desperdício zero. Como ouvi num filme esta semana (Syriana), o desperdício é a grande razão de ser do capitalismo. Não existe capitalismo sem desperdício. Lixo aos montes e cada vez mais. Ora, como também não existe alternativa ao capitalismo, lá se foi o meu pensamento idealista do dia. Por fim, o exemplo de Jared Diamond entre Haiti e República Dominicana. Seria preciso ir tão longe? Aqui na europa, duas alemanhas, uma um dos países mais avançados do Mundo; a outra um paraíso de pobreza, chocolateiras poluidoras, desastres ecológicos e repressão comunista. Entretanto, a história lá se fez e hoje a Alemanha é inegavelmente os dos países de referência, também em temas ambientais. Hipocritamente ou não, o ambiente está há décadas na agenda política. Têm tecnologia, têm ciência, a cidadania funciona… Não deixam de ser um dos maiores poluidores do Mundo, nem o tíbio protocolo de Quioto conseguem cumprir. Gostava que me dessem indicadores, que o “génio humano” está a trabalhar para, com acções concretas, não com propaganda, contrariar todas as teorias catastrofistas que se avolumam nas publicações científicas por todo o Mundo. Preciso de informação que sustente esse optimismo. […]