Que dia!


A semana passada, queria ir na Quinta e voltar no Sábado. Não pude ir Quinta, fui Sexta; não pude ficar, tinha uma reunião importante no Sábado, às 15h. Já não ia há bastante tempo. Aquilo parece uma selva outra vez. No fim, com dias assim, prefiro ficar em casa sossegado da vida. É assim que as coisas são.

Quando cheguei, tratei de plantar seis Courgettes que levei da sementeira e foram as que nasceram (entretanto coloquei mais uma dose a germinar e melões também, depois do insucesso). Coloquei uma boa cobertura de palha no solo. As batatas estão com especto maravilhoso, como já tinha documentado; os feijões minúsculos; abóboras, bolinas, ervilhas… idem. A ver o que dá.
À frente desta leira grande, há uma passagem que dá para uma quelha estreita, onde já se tinha rebentado o cano que leva a água para casa do Cláudio. Como tenho lá uns Cedros-do-atlas, fui inspeccioná-los. As silvas, vigorosas. O Garlon é bom, mas isto só com napalm. Não percebo.
Muito pior, foi ver uma poça de água borbulhante no segundo Cedro… Deve-se ter mandado outra sacholada no cano… Fosga-se, consertar aquilo é mais meio dia perdido e o Cedro tem de sair para outro sítio. Disse ao Cláudio que ia ficar para outra vez, mas o dia já estava a começar mal.
O Sol, quando aparecia (e apareceu muito), tornava o terreno num forno insuportável e ainda vamos em Maio. Dirigimo-nos para o Tanque 1 onde eu queria instalar os passadores e caixas. Com a minha falta de treino das últimas semanas, andava para lá de língua de fora. Foi necessário transportar para cima montes de ferramente, gravilha, tubos… O calor era o pior.
Começamos a cavar depois do almoço. Um buraco descomunal, a terra ia toda para o caminho público. Instalar os passadores foi horrível. Cada tubo que se liga, aumenta as tensões, porque aquilo não é plano nem em esquadria. As uniões que o picheleiro usou, não toleram o mínimo desvio. Digamos que a coisa começou a correr mal. Foi-se fazendo noite, cada vez tornando-se mais evidente que não iamos conseguir acabar aquilo. Fiquei completamente stressado, para não dizer em pânico.
Se fosse dentro do terreno era uma coisa, mas fazer aquela baderna no caminho público era outra. Já não se via nadinha, eram 21h30. Apareceu o Sr. Américo e foi uma grande coisa, porque a verdade é que ele “domina” por lá. Disse-me logo que não havia problema se aquilo ficasse assim. Desde que passasse um carro de vacas, estava tudo bem. Respirei de alívio.
Como as coisas são. Há bem pouco tempo, eu seria praticamente incapaz de apertar um parafuso em casa, sem chamar um “profissional”. Uma coisa simples como mudar uma tomada, seria impensável sem um electricista. Dou-me mal com o bricolage. Com a minha tendência para os detalhes e exigência pouco realista, parece-me que fica sempre tudo mal. Agora, não só mudo tomadas e interruptores em casa, como meto tubo, passadores e caixas no terreno. Sei o que é uma chave de canos, teflon e sei dizer de quantas polegadas é um tubo só de olhar. 2″, 1″ e 1/4, 3/4 — não têm segredos para mim. Apesar disso, hoje correu péssimo.
Não pude apanhar laranjas, cavar batatas novas e mais grave, cerejas. Comi algumas directamente da árvore e exactamente no ponto. Que maravilha extraordinária. Quem nunca comeu fruta amadurecida e apanhada da árvore, não sabe o que perde. Que cerejas divinais.
Às 22h10 saí do terreno. Também não pude trazer os oito garrafões de água. Que situação irritante.
Quanto à importante reunião, telefonaram-me de tarde a perguntar se eu ia. Claro que iria. Mas, afinal não era Sábado, era Sexta — dali a 15 minutos, para ser mais exacto. Como os meus dias se metem pela noite dentro e nem sei a quantas ando, nem me pareceu estranho uma reunião ao Sábado. Para mim seria normal, para o Mundo nem por isso. Regressei totalmente irritado. Se era para faltar, tinha ficado até Sábado e tinha acabado aquele serviço miserável. Assim, ando aqui a preparar-me para a segunda dose.

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