No quintal

Durante o fim-de-semana, passei largas horas no quintal que de mau, ameaçava ficar com um aspecto péssimo. Arranquei montes de ervas e preparei uns canteiros para próximas sementeiras. Semeei mais feijões e transplantei umas alfaces (não fui eu que fiz a sementeira, nesta época as alfaces devem ser semeadas em local definitivo e mondadas).
Também transplantei mais duas Lavandula dentata e devo transplantar mais duas em breve, preenchendo todo o espaço disponível e acabando a “divisória” da minha parte do quintal para o resto. Nos dias de hoje, do que tenho para aqui, a Lavandula dentata é a planta que mais me fascina.

Tudo somado, acho que fiz bastante. O suficiente para sentir os músculos, o que pode também ser indicação que na verdade ando demasiado tempo sentado. Nestes dias, começo com uns objectivos mais ou menos definidos, mas nada de muito rígido.
Onde morávamos há muitos anos, o meu avô encarava o quintal como trabalho sério e a sério. Era capaz de se levantar quando o Sol nascia e levava tudo seguido até à hora de jantar. Fazia apenas um intervalo para o almoço, habitualmente no pátio, para não sujar nada em casa. Além da horta, ainda tinha animais, árvores de fruto e uma ramada com vinha. O trabalho só acabava com tudo impecávelmente limpo, incluindo todas as ferramentas.
Eu sou mais do género de me deitar quando o Sol nasce… Encaro o trabalho no quintal como trabalho sério, mas a brincar. Qualquer coisa me distrai dos meus objectivos iniciais. Para mim o importante é andar na terra, pensar na terra e não noutra coisa.
Claro que com este sistema, ainda não tenho a rega gota-a-gota dos vasos montada… E muito mais. E o Sargaçal anda para lá, à conta do Cláudio. Não vou há quatro meses, mas sei que as árvores crescem, o que nesta fase é na verdade o que me interessa.

Courgettes
Na fotografia, o canteiro que ainda há pouco tempo estava nú. A diferença que 30 dias fazem durante a época mais produtiva. Agora parece estar demasiado congestionado, principalmente por duas razões: Primeiro, os tomateiros ficaram totalmente débeis com a chuva contínua; segundo, as Courgettes ‘Ronda di Nisa’ estão com uma pujança nunca vista e subjugaram ainda mais os pobres tomateiros que nesta altura já deveriam estar sobranceiros. E ainda tinha agriões que foram colhidos e alface, que está a ser colhida e praticamente deixou de se ver. O milho não apareceu e os feijões estão a trepar.
Ah, e estes agriões ficaram prontos para a sopa ou salada em seis dias, não conheço outra planta assim. Neste tempo, mesmo à sombra do diospireiro, já estão a espigar (a florir, para produzir sementes).

Uma resposta para“No quintal”

  1. Claudia Jorge

    Sei o que é a vida que o seu avô levava. Levamos a mesma quase todos os dias. Talvez tivesse que ser mais a sério, mas mesmo assim … nunca compramos nem batatas, nem tomate ou milho doce (entre outros).
    O que mais gosto no meu quintal… especialmente nesta altura do ano e andar em busca dos cachos de uvas escondidos porque cobrem tudo o que lá existe: o galinheiro, o curral do porco, o barracão, as faias, as laranjeiras,… até o maracujaleiro vai trepando por onde pode!!!
    Mas adoro estar lá… especialmente a comer tomates, pepinos e uvas ainda meio amargas!!!!!

  2. José Rui Fernandes

    Note que a descrição que faço do meu avô refere-se a uma actividade realizada a seis quilómetros da Rotunda da Boavista, pouco distante de onde vivo agora. Ou seja, em plena malha urbana e ao fim-de-semana.

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