Sementeira quase falhada

Como tinha dito, tenho o quintal novamente aceitável e agora ainda está melhor, pois tenho passado lá tempo regularmente. Aconteceu uma coisa que aqui não é muito comum — na sementeira de penca da Póvoa e de couve chinesa, houve uma interferência com características invasoras (tal a quantidade) de rúcula e mizuna. Resultado, começo só agora a identificar as pencas lá para o meio e a couve chinesa, nem vê-la.

Nem tudo é negativo, na prática com este tempo ameno, vai ser uma segunda colheita destes dois óptimos vegetais. Hoje já comemos uma salada de folhas bebés de ambos. Entretanto fiz também outra sementeira de salsa. Gasta-se sempre e gostamos de ter todo o ano.
Numa outra nota negativa, ao abrir uma lata onde já tinha guardado favas para semente, noto tudo furado e uma saudável população de gorgulho a passarinhar. Pior do que isso, os feijões amarelos e brancos (dos anões franceses), também estão a ser atacados pelo insuportável bicho.
Eu na minha infinita ignorância, julgava que o ataque de gorgulho era externo e fiquei admirado de o ver dentro da lata das favas. Uma observação mais de perto demonstrou-me que as larvas se desenvolvem dentro dos feijões e das favas. Quando saem já são gorgulhos totalmente desenvolvidos e pretos. Isto é um nunca acabar de pragas.

Vou estar 10 dias offline, amanhã vai ser o último dia e dia 8 ou 9 de Setembro devo regressar. Vou deixar uns pequenos textos e uma sequência de fotografias que mostra a decadência das plantas depois do auge. Nesse tempo obviamente não responderei a comentários nem a correspondência. Obrigado pela vossa presença.

Uma resposta para“Sementeira quase falhada”

  1. Matos

    Boas férias!
    Também vou tirar a proxima semana.
    A ver se consigo dar 1 jeito a quinta que está cada vez mais invadida pelas ervas daninhas.

    Abraço

  2. manuel resende

    Isto há coisas do demónio. Tinha lido num livro de agricultura biológica que para semear salsa ou cenoura, que são coisas que levam tempo a vir e portanto podem ser “abafadas” por outras plantas, espontâneas ou não, a ponto de a gente já não saber onde estão as boas sementes, se devia fazer assim: abriam-se uns regos, punha-se areia, misturavam-se as sementes de salsa ou cenoura com pó de café e espalhavam-se sobre os regos de areia.

    Assim, onde estivessem os regos, agora de pó de café, estavam as “boas” plantas. Pois, só ao fim de dois ou três anos, percebi a astúcia, mesmo depois de a ter lido várias vezes!

    E ainda este ano semeei cenouras e salsa sem ligar a este truque. Conclusão, só dificilmente percebia onde estavam a salsa ou a cenoura… Mas para o ano já sei.

  3. Catarina

    Sr. José Rui Fernandes gosto muito das mensagens que aqui publica, é um prazer lê-lo na sua maneira calma e atenciosa para com a nossa terra mãe.
    Também tenho o meu pequeno “quintalzinho” do qual me vou ocupando dentro das possibilidades temporárias (este ano: tomateiros, salsa, agrião, manjericão, tomilho, menta…). Tenho pouco terreno. Faço compostagem dos detritos vegetais, sobretudo para devolver à terra o que ela nos deu.

    Se quiser guardar as sementes de maneira a evitar que sejam atacadas pelo gorgulho ou outros bichos, congele-as. Eu congelo praticamente todas as sementes: de feijão, de tomate, de melancia, de melão, de pimento. Penso que é uma das melhores maneiras de as conservar.

    Também gosto de seguir o calendário lunar (uma das vertentes da agricultura dinâmica) e a agricultura combinada. Por exemplo, ao lado dos tomateiros planto cravetas da Índia e manjericão (basílico), porque se ajudam mutuamente a evitar pragas.
    Também tenho preparado decocções e macerados de certas plantas como a urtiga e a cavalinha, que aplico depois directamente na rega ou aspersão. Mas tem de se diluir bastante antes da aplicação, porque é concentrado (1/20 ou 1/5 dependendo do tipo de aplicação) e pode queimar a planta se aplicado sem diluição. Pode ter uma acção fungicida ou reforço da resistência da planta. Este ano, com a chuva que caiu (não estou em Portugal, estou num país onde choveu mais), um dos tomateiros começou a ficar raquítico e amarelo. Consegui reanimá-lo, que agora tem dado muitos tomates, com uma preparação da calda bordalesa misturada com macerado de urtiga alternado com o de cavalinha (aplicação com pelo menos uma semana de intervalo). Também não se pode exagerar na calda bordalesa porque, salvo erro, o cobre fica concentrado depois na terra.

    Boas férias!

    PS: gostei especialmente da sua mensagem sobre o pessimista vs os tecno-optimistas: um guia para perplexos.
    Penso da mesma maneira. Mas há também aqueles que estão ainda no meio, sem querer ou saber qual a modo de estar no mundo que deveriam apoiar.

  4. José Rui Fernandes

    Obrigado, vou de férias sim, até ao Vimeiro — andamos a evitar voar :) .

    Boa técnica Manuel. Se calhar ainda vou escrever sobre isso — agora que falamos, acho que já tinha visto num livro também, mas nunca usei na prática. — Ainda não consegui cultivar cenouras! O meu pai diz que nosso quintal não dá.

    Catarina, obrigado pelas suas palavras de incentivo.
    Fala de uma série de plantas que ainda não tenho experiência — mas gostava de experimentar. Também não tenho conhecimentos sobre agricultura dinâmica (li um ou dois artigos sobre o assunto).
    A calda bordalesa por aqui, nas árvores, são duas aplicações por ano. Nas outras plantas é raro — mas temos de aplicar mais (este ano só os tomateiros), acaba por ser das poucas armas muito eficazes que temos (sem a agro-química).

    As urtigas já uso, também como fertilizante. Este ano se calhar vou ter poucas — se calhar fui muito eficaz a arrancar ervas (talvez não).

    A planta que uso em consociação é o alho. Afasta muita bicharada.

    Espero que não tenha havia inundações aí na sua região. E boa sorte com o quintal.

  5. Luciano

    Também tenho de experimentar essa técnica para as cenouras. Começo a ficar fustrado com as tentativas que tenho feito.

    E boas férias, José Rui!

  6. Paulo

    Para o problema dos feijões e das favas para semente, sugiro que após a apanha sejam congelados (julgo que uma semana), período após o qual as sementes podem ser retiradas e guardadas em local seco e fresco o ano inteiro sem qualquer preocupação com o “bicho” (que sim, já se encontra dentro da semente).

  7. Julio Sousa

    É sempre com grande alegria que venho à “quinta do sargaçal”; parabens pelo v/site; é preciso realmente ter muito tempo e dedicacao para se fazerem as actualizaçoes e responder aos “posts”.
    Realmente só congelando, se conseguem preservar as sementes dos ataques do gorgulho; bastam 48 horas, que depois deixam de atacar; já fiz a experiencia com milho e outras sementes.
    Sobre a cenoura: já cultivei e não deu grande resultado. Agora recomecei e faço assim: abro os regos com a máquina, encho-os com areia e turfa, semeio a semente de cenoura com areia e depois faço uma aspersão com terra/turfa por cima, para cobrir. Desta vez resultou bem e já tenho comido cenouras muito saborosas, sem agrotóxicos, tendo sido para mim um grande incentivo. Vou preparar novo canteiro, para quando acabarem aquelas que ando a comer, ter novas já saidas da terra.
    Está na altura de colher a espelta, grande espelta, “triticum aestivum, var. espelta”, cultura que iniciei este ano; lá para o fim do ano vou semear, se conseguir semente da variedade, ainda mais antiga, que é o triticum monococum, a chamada pequena espelta.
    Cumprimentos e incentivos para continuarem com este maravilhoso trabalho, do qual gosto imenso.
    Dinis Sousa

  8. José Cariano

    Boa tarde amigo ou(a), antes de mais parabens pelo bonito site.
    estive a ler algumas passagens do que lhe tem acontecido, e li que arrancou um Ilex aquifollium (Azevinho). Permitam-me algumas perguntas, quando comprou o Azevinho a planta vinha em raiz nua ou envasada? Quando uma planta vem envasada e, ela já está hà muito tempo no vaso, o sistema radicular dela está todo enrolado, e, quando se transplanta para um local fixo, digo, para a terra, devemos ter o especial cuidado de: antes de mais nada fazer uma poda aérea, podando e retirando os galhos secos ou, mal formados, depois, faz-se uma poda radicular, retirando algumas raizes secas e que estejam umas a roçar nas outras ou cruzadas. Segue-se a abertura da cova ela deve ser de cerca de 0,50 X 0,60 x 0,50 cm dependendo do porte da árvore, depois da cova aberta deve colocar-se no fundo da cova nutrientes (composto, estrume vegetal) e sobre o composto deve levar uma camada de terra, para que o sistema radicular da planta não fique em contacto com o composto, em seguida, depois de bem colocada a planta e centrada, deve ajustar-se a terra ao sistema radicular calcando um pouco até preencher com terra a cova, fazer uma caldeira com a terra e regar copiosamente.
    Outro pormenor importante, talvez o mais importante é, fazer ou mandar fazer um estudo geobiologico do lugar onde se coloca a planta ou plantas, para que estas fiquem em lugares livres de geopatias, para que elas se desenvolvam eficazmente. Geopatias, são energias vindas do nucleo central da terra e, que chegam à superficie, atingindo várias centenas de metros de altitude, e tudo o que encontra na sua passagem, adoece, seja o ser humano, plantas ou animais. Por isso é especialmente importante saber-mos onde se planta, onde dormimos ou trabaljamos.
    José Cariano
    Geobiologo

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